ATA DA QUINQUAGÉSIMA
PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA
LEGISLATURA, EM 01.06.1987.
Ao primeiro dia do mês de
junho do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões
do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Qüinquagésima Primeira Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária
da Nona Legislatura. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Artur
Zanella, Auro Campani, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha,, Caio Lustosa, Cleom
Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla,
Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Isaac Ainhorn, Ignácio Neis, Jaques Machado,
Jorge Goularte, Jussara Cony, Kenny Braga, Lauro Hagemann, Luis Braz, Mano
José, Nilton Comin, Paulo Satte, Paulo Sant’Ana, Pedro Ruas, Rafael Santos,
Teresinha Irigaray, Flávio Coulon e Raul Casa. Constatada a existência de
“quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou ao Ver.
Hermes Dutra que procedesse à leitura de trecho de Bíblia. A seguir, o
Sr.secretário procedeu à leitura da Ata da Qüinquagésima Sessão Ordinária, que
foi aprovada. À Mesa foi encaminhado, pelo Ver. Flávio Coulon, 01 Pedido de
Informações, acerca da situação dos débitos das empresas de transporte de
passageiros para com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Do EXPEDIENTE
constaram: Ofícios nos 90/87, do Sr. Chefe da Polícia Civil; 204/87,
do Sr. Comandante da Brigada Militar; Ofício Circular 01/87, da Câmara
Municipal de Estância Velha, RS; Cartão da Câmara Municipal de Fontoura Xavier,
RS. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Cleom Guatimozim teceu comentários sobre a
greve empreendida pelo Magistério estadual. Destacando a inexistência de um
nome mediador que consiga levar a bom termo as negociações entre o governo e a
categoria em greve, falou acerca dos problemas que o prolongamento deste
movimento acarreta à população. Criticou a atuação do Governador Pedro Simon
quanto ao assunto. O Ver. Rafael Santos discorreu sobre o pedido de aumento das
tarifas do transporte coletivo feito pelos empresários do setor, salientando a
necessidade de que sejam levados em consideração, na criação de novas tarifas,
não apenas os fatores econômicos mas também os fatores sociais envolvidos na
questão. Disse estar encaminhando à Casa, um projeto de lei que objetiva o
retorno da passagem operária, antigamente já utilizada no Município. O Ver.
Paulo Sant’Ana analisou o quadro crítico apresentado pela economia brasileira,
dizendo encontrar-se a população perplexa e assustada frente ao mesmo. Comentou
posicionamentos assumidos pelo Governador Pedro Simon, de não entendimento das
reivindicações do funcionalismo estadual. Criticou a atuação do Prefeito Alceu
Collares, no que se refere à greve que foi empreendida pela categoria dos
funcionários públicos de Porto Alegre. Solicitou do Executivo Municipal a
não-aceitação do aumento de tarifas requerido pelos empresários do setor de
transporte coletivo. Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o Ver. Brochado da Rocha
reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Paulo Sant'Ana, acerca do
quadro econômico apresentado pelo País. Criticou a linha política seguida pelo
Presidente José Sarney, destacando os reflexos que ela provoca na administração
dos governos municipais e estaduais. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver.Clóvis Brum
falou dos problemas enfrentados pelo País, atentando para a dominação dos
grandes monopólios estrangeiros na economia brasileira. Reportou-se ao pronunciamento,
de hoje, do Ver. Cleom Guatimozim, acerca da greve do funcionalismo estadual,
questionando os motivos pelos quais o mesmo não foi feito durante a greve dos
servidores públicos do nosso Município. Comentou o aumento de tarifas
solicitado pelos empresários do setor de transporte coletivo de Porto Alegre. A
seguir, constada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em
Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 02/87, por vinte e nove votos SIM, com declarações de voto dos
Vereadores Artur Zanella, Aranha Filho, Raul Casa, Ignácio Neis, Bernadete
Vidal e Frederico Barbosa, após ter sido discutido pelos Vereadores Hermes
Dutra, Adão Eliseu, Clóvis Brum, Brochado da Rocha, Caio Lustosa e Artur Zanella,
e encaminhado à votação pelos Vereadores Cleom Guatimozim, Antonio Hohlfeldt,
Raul Casa, Clóvis Brum e Ignácio Neis, tendo sido submetido à votação nominal a
Requerimento oral, aprovado, do Ver. Clóvis Brum. Em Discussão Geral e Votação
Secreta - Urgência, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 31/87, por
vinte e nove votos SIM, e a Mensagem Retificativa a ele aposta, por vinte e
seis votos sim contra um voto NÃO e um voto em BRANCO, tendo sido
escrutinadores os Vereadores Mano José, Ignácio Neis e Lauro Hagemann, e tendo
sido, Projeto e Mensagem Retificativa, encaminhados à votação pelos Vereadores
Clóvis Brum, Hermes Dutra, Cleom Guatimozim, Antonio Hohlfeldt e Jussara Cony.
Em Discussão Geral e Votação Secreta - Urgência - foi aprovado o Projeto de Lei
do Legislativo nº 31/87, por vinte sete votos SIM, tendo sido escrutinadores os
Vereadores Lauro Hagemann e Mano José. Em Discussão Geral e Votação foram
aprovados os Projetos de Lei do Legislativo nos 10; 13; 14; 01/87;
Projeto de Lei do Executivo nº 83/86; Projeto de Lei do Legislativo nº 11/87,
discutido pelos Vereadores Raul Casa, Frederico Barbosa, Mano José e Paulo
Sant’Ana e encaminhado à votação pelos Vereadores Jorge Goularte, Clóvis Brum,
Artur Zanella e Pedro Ruas. Na ocasião, o Sr. Presidente respondeu Questões de
Ordem dos Vereadores Paulo Sant’Ana, Clóvis Brum e Aranha Filho, acerca do art.
111, § 6º do Regimento Interno. Ainda, foram aprovados os seguintes
Requerimentos, solicitando dispensa de distribuição em avulsos e interstícios para
suaS Redações Finais, considerando-as aprovadas nesta data: do Ver. Cleom
Guatimozim, em relação ao Projeto de Lei do Executivo nº 83/86; da Verª Gladis
Mantelli, em relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 14/87; do Ver. Hermes
Dutra, em relação ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 02/87; do
Ver. Isaac Ainhorn, em relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 01/87; do
Ver. Kenny Braga, em relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 10/87; do Ver.
Raul Casa, em relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 13/87. Ainda, foram
aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Aranha Filho, de Voto de
Congratulações com a Fiergs, pela passagem do dia consagrado à Indústria
Nacional; de Votos de Pesar pelos falecimentos do Eng. Amadeu Fagundes da Rocha
Freitas; da Profª Lucilla Martins Rolim; do Ver. Artur Zanella, de Votos de
Congratulações com os vencedores do XIII Salão de Propaganda, por terem ganho
os prêmios Destaques do Ano de 86; com Êxitus Publicidade, pela passagem de seu
aniversário; com o Clube dos Diretores Lojistas, pela posse da nova Diretoria;
com o Correio da Lomba do Pinheiro, pelo lançamento do seu primeiro número; com
Vasco Prado, Carlos Scarinci e Miriam Avruch, por suas escolhas para a
Diretoria do Museu de Artes do Rio Grande do Sul; de Voto de Pesar pelo
falecimento de Alberto Cimenti; do Ver. Ennio Terra, de Voto de Congratulações
com o Sr. Ito Fontoura da Motta, Administrador do Terminal Turístico de Porto
Alegre, pelo desempenho à frente da administração do terminal acima citado; de
Voto de Pesar pelo falecimento de José Manoel Alves Veiga (Zeca); do
Ver.Frederico Barbosa, de Votos de Congratulações com a Petrobrás - petróleo
Brasileiro S.A.-, pela realização da Simultânea Gigante de Xadrez; com o Mestre Internacional Francisco Trois,
por ter alcançado o novo recorde brasileiro em Simultâneas de Xadrez; de Voto
de Pesar pelo falecimento de Luis Carlos Gomes Serpa; do Ver. Getúlio Brizolla,
de Voto de Congratulações com o Rádio Liberdade FM, pela passagem de seu
aniversário de fundação; da Verª Gladis Mantelli, de Voto de Congratulações com
o Dr. Luiz Carlos Mandelli - Presidente do Centro das Indústrias do Rio Grande
do Sul (Ciergs), pela passagem do Dia Nacional da Indústria; do Ver. Hermes
Dutra, de Voto de Congratulações com Associação Comercial dos Varejistas de
Porto Alegre; com o Lions Clube Porto Alegre - Balneários; com o Lions Clube
Porto Alegre – Alto da Bronze; com a Sociedade Recreativa Juventude; com a
Rádio Caiçara; com a Rádio Difusora FM; com o Grêmio Literário Castro Alves;
com a Comunidade Lassalista do Rio Grande do Sul, pela passagem de seus
aniversários; com o Dr. Paulo Vellinho, por ter sido agraciado com a comenda do
Mérito Rio Branco, no grau de Comendador; de Voto de Pesar pelo falecimento de
Antonio Fernando Ferreira; do Ver. Isaac Ainhorn, de Votos de Congratulações
com Mauro Requema; Marcos Rachewsky; Orandi Gomes; Marcos Profes; Samuel Brud;
Abraão Schames; Israel Stifelmann; Cláudio Kruter; José Dubin; Israel Lapchik;
Hilel Silberfarb; David Guelfand; Simcha Brodacz; Celso Seligmann; José
Blumenthal; Benjamin Strazas; Hélio Wolfrid; Abraão Kinkelstein; Marcos
Axelrod; Mauro Knijnick; Guilherme Milnitsky; Valdomiro Viuniski; Daniel
Sukster; Waldemar Cantergi; Roberto Wofchuck; Abrahão Faermann Sobrinho;
Sr.Nilo e Sra. Eugênia Berlim; Sr. Saul e Sra. Cleuza Wainberg; Sr. Pedro e
Sra. Salamita Gus; Sr. Salu e Sra. Ala Finkelstein; Sr.Leonidas e Sra. Sofia
Isdra; Sr. Breno e Sra. Silvana Kor; Sr. Maurício e Sra. Marisa Soibelmann,
pelo sucesso da organização da II Macabíada Juvenil Brasileira; com a 3º Cia.
do 9º BPM, pela atuação e dedicação na II Macabíada Juvenil Brasileira; do Ver.
Jorge Goularte, de Voto de Congratulações com a Federação e Associação Gaúcha
de Apicultura, pela passagem do Dia do Apicultor; do Ver. Mano José, de Voto de
Pesar pelo falecimento do Dr. Amin André; do Ver. Jaques Machado, solicitando
Licença para Tratamento de Saúde, no período de dois a seis do corrente do mês;
do Ver. Werner Becker, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no período
do dia primeiro a três do corrente do mês; do Ver. Caio Lustosa, solicitando
que o Período de Comunicações da Sessão Ordinária do dia quatro do corrente do
mês seja dedicado à comemoração do “Dia Mundial do Meio Ambiente”, cuja
celebração oficial será no dia posterior. Ainda, o Sr. Secretário apregoou os
seguintes Requerimentos do Ver. Flávio Coulon: solicitando que seja inserido
nos Anais desta Casa o editorial publicado no jornal “Folha de São Paulo” do
dia vinte de maio do corrente do ano, sob o título “Chega Presidente”;
solicitando que sejam inseridos nos Anais desta Casa os editoriais publicados
no Jornal Zero Hora do dia vinte de maio do corrente do ano, sob o título “O
mandato não pode gerar crise institucional” e na Folha de São Paulo, do dia
dezenove e maio do corrente do ano, sob o título “Afronta ao País” e “Abdicando
da palavra”, conforme cópias anexadas ao Requerimento. Os trabalhos foram
prorrogados nos termos do “caput” do art.85 do Regimento Interno, por proposta,
aprovada, do Sr. Presidente. Terminada a Ordem do Dia, o Sr. Presidente
levantou os trabalhos às dezoito horas e quarenta minutos, convocando os
Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Teresinha
Irigaray, Gladis Mantelli e Lauro Hagemann, o último nos termos do art.11, § 3º
do Regimento Interno, e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli,
Frederico Barbosa, Jaques Machado, Antonio Hohlfeldt e Nilton Comin, os dois últimos
como Secretários “ad hoc”. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Passamos ao
GRANDE EXPEDIENTE
Com a palavra,
o Ver. Cleom Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr.Presidente e Srs.
Vereadores, com justa razão, o Magistério do Rio Grande do Sul continua ainda
em greve e me parece que a negativa de um Deputado Federal em intermediar as
conversações entre o Governo e o Magistério deixa sem perspectiva nenhuma de
que esta greve possa chegar ao fim. O que surpreende na greve é exatamente a
falta de tática de Governo de Pedro Simon. O Governador não possui homens de
ponta que possam negociar com o Magistério, encarar a situação. O que se
verifica é que um grupo de homens do Governo não deseja, sob hipótese alguma,
sofrer arranhão nas conversações com Magistério. E a greve fica assim, ao “Deus
dará”. Não há negociações no Governo de Pedro Simon. Vejam os funcionários
públicos do Estado, que voltaram ao trabalho muito mais por uma conscientização
da situação do Estado do que por qualquer ingerência do Governo. O Governo não
teve ingerência nenhuma, o Governo está encolhido.Como os funcionários voltaram
ao trabalho, permanece, então, o Magistério. Ora, a situação é aflitiva. Nós já
estamos quase no recesso de julho, e com as aulas paralisadas. As poucas e
pálidas tentativas que o Governo fez para encontrar um caminho de acerto com o
Magistério não deram nenhum resultado. Falta um parlamentador que saiba, meus
senhores, conversar. Falta alguém que saiba fazer uma conversação, negociar,
ceder um pouco e, em troca, exigir, também, que o outro lado renuncie a algumas
propostas feitas. Nesse momento, verificamos que os professores, num país de
analfabetos, ganham uma miséria. São aqueles que vão educar os nossos filhos e
ganham uma miséria e têm que estar preocupados com a subsistência da sua casa.
Eu sei que não é culpa do Governador Pedro Simon. Vem de longe. Ora, lembro-me
de uma mensagem que li do Presidente Kennedy ao Congresso Nacional - mensagem
de fim de ano - em que ele dizia que se pode medir o desenvolvimento de uma
Nação pelo ensino ministrado. E nós temos o quê? Um mau currículo, uma história
deturpada, a começar pela História do Brasil, e com professores mal pagos. Após
a Segunda Guerra Mundial, quando os perdedores do conflito, como o Japão, que
recebeu duas bombas atômicas dentro de seu território, teve a sua marinha
varrida do Pacífico, estava completamente liquidado... Ele alicerçou esse
progresso que está aí hoje, de um dos líderes mundiais da tecnologia, mas lá,
Srs. Vereadores, nem mesmo o príncipe podia ganhar mais do que um professor.
Pois saibam que um príncipe não ganhava mais do que um professor. Aqui os
professores não querem ganhar mais do que o príncipe. Eles não ganham igual a
ninguém. Eles ganham igual àqueles que exercem as profissões mais humildes e
que não necessitam de instrução para ocupar os cargos. Tem que haver uma
sensibilidade com os professores. E o Rio Grande, que tem dado mostras de
verdadeira revolução em todos os setores de atividade humana, não só na
política, poderia agora, que tem um governo que se dizia democrata e que se
colocava do lado dos professores, começar a pagar bem os professores.
O Sr. Rafael Santos: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero me congratular com o seu discurso e pedir a V.
Exa. que leve ao Sr. Prefeito Municipal uma cópia xerográfica do seu discurso,
porque os professores do Município estão ganhando menos ainda do que os
professores do Estado.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: É isso que estamos
consertando, Vereador, é exatamente isso! Mas V. Exa., que foi Secretário de
Educação, sabe disso. Nós assumimos e encontramos o caos, mas estamos
consertando. O Governador Pedro Simon assumiu e não está consertando nada.
Piorou barbaramente. E eu pergunto a V. Exa. o que piorou no Município.
Melhorou. Nós estamos alicerçando tudo! E até agora o Governo do Estado não
proporcionou um dinheiro!
O Sr. Rafael Santos: Não é verdade que melhorou,
nobre Vereador. Quando o Governo do PDT assumiu, o básico era 1,55 do salário
mínimo; hoje é 1,25. Então, não diga que melhorou!
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Mas é culpa da Nova
República.
O Sr. Rafael Santos: Então não diga que
melhorou. Bote a culpa em quem quiser, mas reconheça que piorou no Município. A
culpa pode não ser do PDT, mas que piorou, piorou.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Veja que a Prefeitura de
Porto Alegre é uma das poucas neste Brasil que paga em dia o seu funcionalismo,
que paga em dia e que dá aumento ao seu funcionalismo. Pois veja: depois que o
Governador assumiu, não houve um dia de aula, e a educação é a base do
progresso, da evolução. Não há arrancada para o progresso sem técnicos, sem
instrução, sem tecnologia e, não havendo arrancada, nós vamos continuar
subdesenvolvidos. Agora mesmo, por culpa da Nova República, uma porção de
técnicos brasileiros está indo para a NASA. Nós temos, os países do Terceiro
Mundo, apenas 10% dos técnicos mundiais, e estão indo embora. Eu não sei qual
vai ser a percentagem agora. Deve ficar em torno de 2% ou 3%. E fracassa a
educação, fracassa o alicerce-base, que dá base para tudo em qualquer país.
Ora, o professor já foi chamado de “a memória do mundo”, porque o professor é
exatamente aquele que pesquisa, forma uma didática própria, transmite ao aluno,
dentro da sua didática e obedecendo o currículo fornecido pela Secretaria de
Educação. Então, a nossa crítica, nesta tribuna, é pela falta de quem possa
parlamentar no Governo Pedro Simon. Falta alguém no Governo que enfrente esta
situação, que converse com os professores. Vejam, por exemplo, se não querem os
Deputados Estaduais e Federais se queimarem com Magistério porque é tão
numeroso, poderia o Governador - mesmo porque, afinal, é quem tem esta batata
quente na mão - procurar este entendimento com o Magistério. Mas vejam a
gravidade, senhores: estamos quase nas férias de julho e nem um dia de aula.
Mas e a educação? E as crianças deste País e deste Estado como é que ficam?
Será que eles não sabem que a educação é a base de tudo, é básica para tudo?
Vejam que o Governador foi passear junto com o Presidente da República no
Uruguai. Fez um passeio de avião enquanto os professores estão todos acampados
em frente do Palácio, com velas acesas. Aliás, o professor sempre esteve com a
vela. Isto não é culpa do Governador. Então, a gente via, lá de cima, e dizia
“dois salários e meio”. Passeatas, toque de clarim, e o Governador passeando no
Uruguai, gozando do prestígio da companhia do não tão prestigiado Presidente da
República, aquele mesmo que disse que iria congelar os preços. Todo mundo
acreditou e ele descongelou antes de contar as urnas. Acho que não tem
prestígio para transferir para ninguém. Mas o Governador deve encarar esta
situação, deve conversar com o Magistério, deve nomear, para faltar em seu
nome, mediadores, parlamentadores, pessoas que tenham condições de conversar
com o Magistério e de encontrar uma solução para a crise educacional que nós
estamos vivendo no Estado do Rio Grande do Sul. Nós sabemos que a escola
pública tem currículo carente. Geralmente o aluno que freqüenta a escola
pública não tem condições de passar no vestibular. Vejam que eu não culpo o
Governador pelo salário dos professores. Vem muito longe. O Governador sabia,
quando se candidatou, que a situação no Estado não era das melhores. Todos os
candidatos sabiam que o Rio Grande do Sul estava à falência. Ver. Nilton Comin,
o Clube São José está muito melhor que o nosso Estado.
O Sr. Nilton Comin: V. Exa. afirma isso. Então,
comprove as contas daquele clube. V. Exa. faz uma declaração que ignoro.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sendo V. Exa. um dos
dirigentes, aquele clube só pode andar bem. Acredito que anda bem. V. Exa. é
exímio. Confio.
Mas esta
situação deve chegar ao final. O Governador deve sentar em sua cadeira de
Governador, deixar de andar passeando pelo Uruguai, onde as coisas também nunca
andaram boas, e se envolver com o Magistério, resolvendo seu problema. Após, S.
Exa. poderá bater as asas e sair um pouco mais para longe. Por enquanto, deve
resolver o problema do Magistério, mais pelas crianças sem escola do que pelos
próprios professores. Os professores têm razão. A posição tomada por milhares
de professores, após consultas, assembléias, plebiscitos, reuniões, etc, não
poderia ser errada. Hoje, eles exercem as lideranças nas reivindicações que
fazem os funcionários estaduais. Não é porque o Magistério seja mais numérico
que as outras categorias. É exatamente pela convicção do que desejam e do que
querem. O Governador, que já viu essa questão se arrastar por tanto tempo,
poderia, agora, encontrar pessoas que pudessem parlamentar pelo Governo a fim
de ajudá-lo, dando um fim à greve. No Município de Porto Alegre, esta Casa exerceu
um papel importante: ajudou o Prefeito Collares para que a greve chegasse ao
fim, envolvendo todas as bancadas desta Casa. Os Srs. Deputados também poderiam
ajudar o Governador a resolver o problema do ensino em Porto Alegre. As escolas
mais distantes deste Estado, aquela escolinha lá da coxilha, construída por
Leonel Brizola quando Governador, está com as portas fechadas. Os alunos não
têm aula. Os professores estão em casa reivindicando melhores salários,
salários que lhes permitam viver com dignidade e com decência.
Então,
Sr.Presidente, Sr. Vereadores, é o nosso desejo que consiga o Governo do Estado
resolver o problema da educação em Porto Alegre, escolhendo nos seus quadros
aqueles que têm melhores condições de parlamentar e de chegar ao fim desta
greve que está intranqüilizando a sociedade rio-grandense. Há um clima de
intranqüilidade. Os pais estão em pânico porque este ano nenhuma aula foi dada.
Acho que, com um pouco mais de esforço e atenção ao Rio Grande, o Governo
poderia resolver este problema. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Rafael Santos.
O SR. RAFAEL SANTOS: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, venho acompanhando pela imprensa a preocupação dos nossos
empresários de transporte coletivo que, logo após receberem do Município o
aumento da passagem para quatro cruzados e trinta centavos, já protocolaram
para a Prefeitura um novo pedido de aumento, desta vez para sete cruzados e
vinte ou trinta centavos.
Na realidade,
a população que usa o transporte coletivo hoje aumenta. Cada vez mais é maior o
número de pessoas que se utiliza do transporte coletivo, tendo em vista a alta
do combustível, que determina que a maioria das pessoas que trabalham em locais
de fácil acesso pelo transporte coletivo esteja deixando os seus carros em
casa, utilizando o transporte coletivo. Um novo aumento em curto prazo teria
uma repercussão extremamente negativa para o já minguado salário dos
trabalhadores. Entendo que é preciso encontrar uma solução para este problema,
que não pode ser tratado com essa simplicidade matemática com que é tratado.
Não é possível que a passagem do transporte coletivo continue subindo baseada
em meros cálculos matemáticos - aumentou tanto o pneu, aumentou tanto o
combustível, aumentou tanto o salário -, sem se levar em consideração a
capacidade do usuário de pagar uma nova tarifa, de pagar o novo valor do
transporte, quando, na maioria das vezes, o seu salário não foi aumentado, não
foi movido.
Estou
encaminhando hoje, Sr. Presidente, à consideração da Casa, um projeto de lei
que busca minorar, pelo menos para as faixas mais baixas, a já aflitiva
situação do custo do transporte. Este Projeto de Lei busca reeditar, trazer de
volta a Porto Alegre a passagem operária, pois já existiu em Porto Alegre.Não
sei se a fórmula que estou apresentando é a melhor. Estou aberto ao diálogo,
estou aberto a conversações. Nós já tivemos em Porto Alegre o bonde operário, o
ônibus operário, que, na hora do pico, cobrava 50% do valor da passagem. Fora
do horário do pico, desaparecia, então, o transporte operário.
Há uma outra
fórmula, que acontece com os funcionários municipais. Os nossos funcionários
aqui já recebem, têm parte do seu transporte subsidiado pelo Poder Público.
Poderia ser outra fórmula, que as empresas subsidiassem o transporte dos seus
operários.
A fórmula que
estou apresentando no Projeto de Lei beneficiará os operários que ganham até
três salários mínimos e que teriam direito de cinqüenta a cem passagens
operárias durante o mês para o seu deslocamento para o trabalho. Nós limitamos
o número de passagens, de tal forma que na vez anterior foi utilizada
exclusivamente para o transporte do operário de casa para o local de trabalho,
do local de trabalho para casa.
Eu insisto que
não sei se é a melhor fórmula, agora não é possível... E é isso que estou
sentindo, que dentro de uma semana, quinze dias, no máximo, estaremos
presenciando um novo aumento de passagens em Porto Alegre. O pedido já foi
feito pelos transportadores, a Secretaria de Transportes já está fazendo os
cálculos e, mais uma vez, a matemática vai ser utilizada para criar o novo
número que será o novo valor do transporte em Porto Alegre, sem que o operário
de baixa renda possa pagar aquele valor ou não. Por isso é que estou
apresentando este Projeto de Lei que dá o direito ao mínimo de cinqüenta e ao
máximo de cem passagens mensais para o trabalhador que ganha até três salários
mínimos, tanto de empresas públicas como de empresas privadas. E essa passagem
operária teria o valor de 50% do valor da passagem comum. Ela seria semelhante
à passagem escolar, apenas que seria para os trabalhadores de três mínimos. Eu
coloco ainda, no Projeto de Lei, um prazo de trinta dias para que o Município
possa regulamentar. Eu imagino que isso possa ser feito através do Sindicato
dos Trabalhadores, a distribuição dessas passagens e a relação dos
beneficiários dessas passagens.
Eu espero
contar com a boa vontade dos nossos Vereadores, dos nossos companheiros de
trabalho para que, realmente, se possa oferecer uma alternativa àqueles que,
tendo os seus salários achatados, não poderão, seguramente, acompanhar o
vertiginoso aumento de preços de passagens a que nós estamos assistindo este
ano. Por isso, encaminho à Presidência, no dia de hoje, este Projeto de Lei e
espero que possamos aprová-lo o mais rápido possível. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Paulo Sant’Ana, pelo
tempo que lhe cede o Ver. Raul Casa.
O SR. PAULO SANT’ANA: Sr. Presidente e Sr.
Vereadores, vive o povo do Rio Grande do Sul um estado de perplexidade porque,
em razão do quadro atual da economia brasileira, aqueles que este mesmo povo
elegeu para o Governo do Estado e para a Prefeitura Municipal de Porto Alegre,
representantes legítimos da oposição à ditadura dos vinte anos, através de
medidas antipáticas, não têm atendido as reivindicações principalmente do
funcionalismo público estadual e municipal. No caso do Estado, há uma maior
gravidade, porque o Governador Pedro Simon é membro do Partido que apóia o Presidente
da República e, com rara infelicidade, passou a todos a impressão de que a
culpa do caos econômico e financeiro do Estado pertence única e exclusivamente
ao funcionalismo público, o mesmo funcionalismo público que era defendido com
unhas e dentes pela Bancada do PMDB na Assembléia Legislativa, o mesmo
funcionalismo público que foi ajudado pela Bancada do PMDB na Assembléia
Legislativa na votação de várias leis que lhes deram vantagens e que,
posteriormente, quando assumiu o Governo, o PMDB as retirou. Não tendo o apoio
do Governo Federal, o Prefeito Alceu Collares declara que é impossível dar um
aumento maior do que 20%, que será votado hoje nesta Casa, ao funcionalismo
municipal. Discutível. O que não é discutível é que em meio à greve, S. Exa. o
Prefeito Municipal demita funcionários de suas funções gratificadas. S. Exa.
usou um expediente que não tinha sido usado, sequer, pelo Governo da ARENA e do
PDS. O gatilho é legado tanto para o funcionalismo estadual, como para o
funcionalismo municipal. No entanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a partir
da próxima quarta-feira fica estabelecido o gatilho pelo Prefeito Municipal, o
gatilho nas passagens de ônibus. Pela primeira vez na história da Cidade
aumentam as tarifas de ônibus com menos de um mês de diferença do último
aumento, conforme promessa feita hoje aos meios de comunicação pelo Secretário
dos Transportes, Elói Guimarães. Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu faço
daqui um apelo ao Prefeito Alceu Collares e ao Secretário Elói Guimarães: que
não dêem esse aumento com esta tamanha rapidez. É preciso que se saiba que a
passagem de ônibus contém um componente social que não está presente nos outros
produtos consumidos pela população. As passagens irão para Cz$ 7,00, talvez
menos ou mais, na próxima quarta-feira, conforme anúncio feito hoje pelo
Secretário dos Transportes, ocasionando ao trabalhador que usa quatro passagens
por dia, individualmente, o penoso ônus de muito mais da metade de um salário
mínimo líquido de um trabalhador.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Embora um pouco fora do que V. Exa. está falando,
queria referir-me ao problema de disponibilidade financeira do Estado. É sabido
que o custo de vida nos últimos setenta e cinco dias subiu mais de 200% - disso
quem vai ao supermercado faz a constatação. Ora, o grosso do Imposto sobre
Circulação de Mercadorias se dá, exatamente, em cima desses itens, um pouco
menores em relação a automóveis e outros produtos que estão em recessão. Mas o
grosso se dá em cima desses itens que compramos quase que diariamente no
supermercado. Então, veja que a arrecadação do Estado vai ter um aumento
monstruoso, e, pode-se afirmar isto publicamente, inclusive por via de
conseqüência, a do Município também, através da verba de retorno do ICM. Isto
dará um aumento que vai mais que dobrar duplamente - perdoem o pleonasmo - do
que foi inicialmente previsto. Sou grato.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero apenas dizer que, embora V. Exa. não tenha
referido, V. Exa., como Vereador e jornalista atilado e inteligente, que
acompanha os acontecimentos da nossa Pátria, tem muito presente que, se tudo
isso se dá em conseqüência de uma política econômica que gerou, em relação à
economia brasileira, um verdadeiro caos e que os Prefeitos são meros
instrumentos nesse contexto todo, os Prefeitos vêm a se constituir um mero
instrumento de repasse dos preços tarifários. Veja V. Exa. a gama de aumentos
que se deu nos últimos dez dias. E mais ainda: o combustível aumentou há poucos
dias e já se promete novamente aumentar. Ao lado disto, se V. Exa. fizer um
paralelo entre o aumento da tarifa dos transportes coletivos de Porto Alegre
com o aumento dos transportes coletivos na Região Metropolitana e nos
intermunicipais, vai observar que os índices são maiores do que aqueles da
cidade de Porto Alegre.
O SR. PAULO SANT'ANA: Fico agradecido à V. Exa. e
pinço do seu aparte uma frase: os Prefeitos passam a ser meros repassadores do
aumento do custo de vida. É este apelo que eu queria fazer ao Prefeito Alceu
Collares: que ele não passe a ser um mero repassador do aumento do custo de
vida em Porto Alegre, que ele levasse em conta que vai ficar impossível à
população porto-alegrense pagar um aumento de passagem por mês, porque, agora,
tendo esta Câmara renunciado a capacidade de decidir sobre os aumentos dos
transportes coletivos de Porto Alegre, ele passou a ser sumário. Nem mais o
tempo de tramitação do projeto nesta Casa ganha o usuário. É protocolado na SMT
e ganha o aumento no dia seguinte. Foi protocolado na sexta, ou hoje, e o
Secretário Elói Guimarães já está anunciando que, na quarta-feira, será dado o
aumento. Eu quero advertir os meus companheiros do PDT e o Sr. Prefeito Alceu
Collares de que o nosso Partido estará imensamente prejudicado com estes
aumentos sumários e com o gatilho que se instalará nos transportes coletivos a
partir de quarta-feira, porque se a massa, o feijão ou o combustível têm que
aumentar, assim como todos os produtos de vestuário e alimentação e habitação,
estes produtos, através de um novo cálculo, podem ser diminuídos por parte de
quem os compra. Mas a passagem de ônibus, esta não pode ser diminuída. Então,
que o Sr. Prefeito coloque nas mentes dos proprietários de transportes coletivos
que não se pode dar o gatilho na passagem de ônibus, que pelo menos num mês não
pode ser aumentada a passagem de ônibus e no outro sim porque o precedente está
criado, foi aumentada há menos de um mês e será aumentada na próxima
quarta-feira. Ficará insuportável ao porto-alegrense o pagamento dessa passagem
e ficará mal para o PDT que, num momento de rara não-inteligência de alguns de
seus membros, tirou desta Casa o poder de exame, porque, se esta Casa aumentava
as passagens como o Prefeito queria, contra a vontade de alguns Vereadores,
inclusive eu, esse ônus político passava a pertencer a todos os partidos que
tem componentes nessa Casa - PC do B, PC, PL, PSB, PMDB, PDS, PFL - não só ao
PDT. Agora o ônus é só do PDT. Sei que o Prefeito Alceu Collares luta com
dificuldades para pagar o funcionalismo, para conter a investida dos
proprietários de ônibus de Porto Alegre, mas ele tem de lembrar que ele é do
PDT e o PDT não pode instalar o gatilho no transporte coletivo de Porto Alegre.
Faço este apelo da tribuna: Ver. Elói Guimarães, pense, imagine-se naqueles
dias heróicos em que batalhamos nesta Casa para que a passagem não fosse
aumentada, ou que pelo menos esses aumentos fossem mais suaves ao bolso dos
trabalhadores. Ponha-se em seu lugar próprio, naqueles dias de tensão em que
percorremos corredores poloneses à saída da Casa. Agora V. Exa. tem o poder, o
império. Falhe pelo menos um mês o gatilho e dê aumento um mês sim, o outro
não, porque todos os meses será fatal ao nosso Partido, o PDT.
O Sr. Caio Lustosa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Congratulo-me com suas colocações, que mostram que V.
Exa. é sensível a esta situação de verdadeiro esmagamento que está sofrendo a
população assalariada deste Estado, desta Capital, especialmente. Também me
coloco dentro do meu Partido e tenho dito isso ao próprio Governador: que é
preciso que os Governadores que foram eleitos - Governadores, Prefeitos, todos
os administradores que foram eleitos com o compromisso popular de mudança e
transformação - não embarquem nesta canoa furada de estarem se tornando
executores de uma política suicida e antipovo como a praticada pelo Presidente
Sarney. É preciso que haja o repúdio e a rebeldia daqueles que têm compromisso
com a população deste País, com a população esmagada e espezinhada pelas
estruturas injustas. V. Exa., dentro do PDT, e eu, tenho certeza, dentro do meu
Partido. É grande o contingente daqueles que não querem que tanto o Prefeito
como o Governador voltem as suas armas de arrocho salarial contra os
professores, contra os funcionários, contra os trabalhadores. O pronunciamento
de V. Exa. é perfeito e mostra o seu compromisso.
O SR. PAULO SANT'ANA: Fico agradecido a V. Exa. e
tenho certeza de que eu serei compreendido dentro do meu Partido, porque esta
preocupação com o usuário dos ônibus em Porto Alegre é uma preocupação do PDT,
terá que ser uma preocupação do Prefeito Alceu Collares. Eu conheço as
dificuldades, o sacrifício e até as renúncias, até a quebra de alguns
princípios que os homens públicos que assumem o Governo têm que tomar, mas, de
todos os aumentos, de todos os produtos, insumos e serviços que servem à
população, aquele contra o qual se deve mais reagir, aquele contra o qual o
Poder Público tem o dever de, por vezes, levantar-se, é o das passagens de
ônibus, porque ele é o único, entre todos os bens, entre todos os produtos e
serviços, ao qual a população não pode renunciar ou diminuir no uso e no
consumo. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis Mantelli): A palavra com o Ver.
Brochado da Rocha.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sra. Secretária, exercendo a
presidência, Srs. Vereadores, discursos como o colocado pelo orador que me
antecedeu mostram bem o quadro do que estamos a denunciar há vários e vários
tempos: de que o Sr. Presidente da República, o único biônico estabelecido no
País - de vez que eleição até para síndico de edifício de condomínios no Brasil
é eleição - o biônico José Sarney, que, certamente, entrevistado hoje com um
Deputado Federal, da Minas Gerais, hoje à noite, nos dirá algumas coisas,
transforma não só os Prefeitos para transferir passagens, mas transforma o
gatilho, porque dá para os funcionários públicos federais o gatilho, mas
transfere, também, o ônus para o País. O discurso do Ver. Sant’Ana deveria ser
complementado com os custos do recolhimento do lixo, que serão ampliados. O
discurso do Ver. Paulo Sant'Ana deveria dizer também que o gasto com energia
elétrica para o sistema de água vai ser computado; deveria dizer também que o
asfaltamento da Cidade vai ser cortado; deveria dizer também que as escolas
públicas, por via indireta de impostos, serão acrescidas, e as escolas privadas
o são. Ou seja: aos Governadores e aos Municípios é dado o título de delegados
de polícia para executarem a política do Dr. Sarney. Não vejo outra maneira de
se encarar hoje o Brasil. Ou seja: os eleitos - e aí disse bem o Ver. Caio
Lustosa, que aqueles que têm compromisso com as urnas ficam à mercê de uma
política geral, esta, sim, opressora para todos os níveis. O problema do
Imposto de Renda o Ver. Paulo Sant'Ana não citou, mas este é o mais taxado de
todos. Vergonhosamente, são delegados de polícia para cumprirem as ordens do
Sr. biônico Sarney. E aí transcende, e acho que coloca bem o Ver. Caio Lustosa,
transcende as siglas partidárias. Mas, ao que sei, todos nós aqui, nesta Casa,
temos compromisso político assumido pelas urnas, e este compromisso político
assumido pelas urnas também está transferindo para a Câmara de Vereadores de
Porto Alegre, assim como às demais Casas Legislativas do Brasil, os desmandos
políticos do Sr. Sarney. Na medida em que o Sr. Sarney se estabelece como
biônico, sem nenhum compromisso a não ser ratificar suas origens de
ex-Presidente do PDS e, em ratificando esses compromissos e adotando a política
delfiniana, paulatinamente ele chega lá, transferindo, portanto, para tudo e
para todos que têm compromissos e acertos deste tipo. Agora pergunto: será o
Prefeito Collares ou será o Governador Simon que, no extremo sul do País,
solitariamente, serão capazes de levantar uma bandeira - que me parece
desfraldar a bandeira Farroupilha - para questionar o Presidente da República?
Acho que deve ser um movimento partidário e a nível nacional, acrescido ao fato
de que a nova Constituinte caminha aceleradamente para esmagar os Estados e os
Municípios. Creia, Ver. Paulo Sant'Ana, que o que está ocorrendo no Congresso
Nacional hoje chega a retirar impostos como ISSQN na órbita do Poder Municipal,
esvaziando por isso e com isso os cofres públicos estaduais, municipais, porque
serão cobrados pelos Estados. E caminha assim na medida em que o Presidente
Sarney também esmaga os Constituintes, na medida em que ele se outorga os cinco
anos de mandato, ou seja, aposta na quina. Ele avança sobre a Constituinte e,
ao avançar sobre a Constituinte, ele avança sobre outras prerrogativas. E um
cidadão muito conhecido deste Plenário já declarava, hoje, que o mandato do Sr.
Presidente da República era de seis anos, ou de cinco anos, como o Sr.
Presidente desejasse, e ele, como membro do Supremo Tribunal, se não fosse
cumprido esse tempo de mandato, daria guarida jurídica. Quem declarou isso foi
o Sr. Lauro Leitão. Então, fica aí rigorosamente inesquecível qualquer tipo de
política salarial, qualquer tipo de política administrativa a nível estadual e
a nível municipal. Os custos municipais certamente refletirão toda a inflação
que está aí, desde a tomada de lixo, a tomada de água e outros. A nível
estadual também, Ver. Caio Lustosa, é inexorável esse caminho. Pergunto: como
serão construídas as estradas do Rio Grande? Como serão construídas as ruas de
Porto Alegre? Serão construídas de acordo com a inflação, pelo preço da
inflação, com o material usado, com os preços da inflação embutidos. Mas, o que
é mais grave, dentro da falta de credibilidade do atual Governo, reparem os
Senhores um fato: a balança comercial do Brasil estava errada. Passamos, Ver.
Jorge Goularte, perante todas as nações, ou por burros - eu peguei o termo de
V. Exa. e endosso - ou por fraudulentos, mal-intencionados, que deveriam estar
na cadeia. Eu pergunto: quem fraudou as contas consolidadas e publicadas pelo
Governo Federal da balança externa? Neste momento, Ver. Jorge Goularte, se V.
Exa. chegar e tiver uma minifirma, ou uma grande firma, V. Exa. chegará no
Exterior e lá será recebido com absoluta desconfiança. Se o Governo de V. Exa.
é um fraudulento, eu pergunto: será que a firma de V. Exa. terá credibilidade
ali adiante?
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu cumprimento V. Exa. pelo seu pronunciamento. O que
me preocupa, neste momento, no Brasil, é a criação dos Estados Unidos do
Maranhão. O País da dimensão deste nosso, o Presidente teima em fazer uma
ferrovia que liga nada a coisa nenhuma. Já declarou que vai implantar uma usina
do aço no Maranhão e vai criar uma nova empresa refinadora de petróleo no
Maranhão. É preciso que alguma coisa seja feita para que este País não fique
uma republiqueta e se transforme na República dos Estados Unidos do Maranhão.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Acrescento que qualquer
firma que tiver as suas ações colocadas na bolsa, se o balanço dessa firma for
retificado em 20% - como está sendo
retificado pelo Brasil -, estas ações vão cair violentamente. Eu pergunto: mas
tudo isso será dentro de uma inocência? Não creio, não creio e não creio também
que tenha sido feito para atingir o Dr. Funaro, cuja memória está sendo corrida
do País de vez que ele causou bens e danos neste País. Ele, tanto quanto o Dr.
Delfim Netto, merece o julgamento da História. Mas pergunto: será para denegrir
a figura do Dr. Funaro, mui digno presidente de uma firma de brinquedos, que
terá sido publicado o erro de balanço? Segundo o consenso nacional, Ver. Caio
Lustosa, parece que não. E acontece, neste momento, no Brasil, o que muitas
vezes nós comentávamos como oposicionistas da ditadura: os próprios denunciando
os mesmos.
Ver. Caio
Lustosa, isto aí está sendo feito propositadamente para colocar de volta o
Fundo Monetário Internacional, porque não há credibilidade nas contas
brasileiras. O próprio Governo declarou que as suas contas estão,
rigorosamente, erradas. Agora, se o Governo diz isto, nós, Nação, não podemos
acreditar nem nos dados passados e nem nos dados vindouros. Ora, o que vou
fazer? Vou chamar a Auditoria externa. Qual é a Auditoria externa? É exatamente
o Fundo Monetário Internacional.
Esta política
do ex-Presidente do PDS, há pouco tempo Presidente do PDS, há que ser flagrada.
E S. Exa. não percorre os caminhos - como não foi eleito também - normais. Ele,
por via oblíqua, está chegando ao Fundo Monetário Internacional, mesmo para que
ele seja o Presidente de um Governo sem crédito e sem credibilidade.
Falava em
congelamento; descongelamento, nunca. Houve o descongelamento. Falava em crise?
Nunca. Está tudo aí. O “nunca” do Dr. Sarney passou a ser o “nunca” de todos os
governos revolucionários. Nem falo nesta Ferrovia do Aço, que isto é uma
reedição do tempo do Coronel Andreazza, mais nada, apenas feito de uma forma
mais ingênua. Mas continuam a campear no País coisas desse tipo. Por isso, mais
uma vez alerto este Plenário: os eleitos estão servindo tão-somente de
delegados de plantão de quinta categoria para a figura do presidente biônico,
que não tem nenhuma categoria a ser codificada perante a Nação brasileira.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Clóvis
Brum, em Comunicação de Líder.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente e Srs
Vereadores, estão más as coisas? Sim, há isto: as coisas andam mal. O PMDB e o
Governo da Nova República herdaram o maior endividamento externo que o nosso
País já registrou na sua História? Sim, herdaram. O Rio Grande do Sul, através
do Governo Simon, herdou o maior endividamento que o Estado do Rio Grande do
Sul já registrou em sua História? Sim, herdou. Todos sabemos dessas
dificuldades. Temos procurado desempenhar o trato da coisa pública da melhor
forma possível, mas as grandes potências internacionais ainda dominam a
situação econômica brasileira. Não temos dúvidas dessa afirmação. Mal se falou
em moratória e todas essas forças se jogaram contra o Governo Sarney, contra o
Governo da Nova República. A população sabe disso. Não é uma causa interna. A
causa é externa e a conseqüência é interna. O discurso da Liderança do PDT
seria muito aplaudido se tivesse sido proferido no momento em que os
funcionários municipais lutavam pelo seu reajuste salarial. Ele seria bem-vindo
na hora em que os funcionários municipais imploravam um centavo além dos 20%. E
não levaram. Não levaram nenhum centavo além dos 20% em seu piso salarial.
Agora, não vamos desinformar a opinião pública. Os funcionários do Município de
Porto Alegre, quando o Prefeito Alceu Collares assumiu a PMPA, tinham um piso
de 1,55% em relação ao salário mínimo. Dando agora 20%, este piso fica em 1,25%
em relação ao salário mínimo, 30% em relação ao salário mínimo, abaixo do
percentual que os funcionários da Prefeitura recebiam quando o Prefeito Alceu
Collares recebeu o Governo.
Estranhei o
discurso do Líder do PDT. E tem mais: estranho muito mais quando se fala em
tarifa, que nós tenhamos que nos preocupar! Eu estou tranqüilo. Não me preocupo
mais com tarifas. Porque as televisões, os jornais, as rádios davam destaque
especial para três Vereadores desta Casa - um já falecido, outros dois do PDT,
Ver. Wilton Araújo e Ver. Elói Guimarães. Fico no Ver. Elói Guimarães: manchete
dos jornais, destaque na televisão, combatividade permanente em busca de uma
tarifa do transporte coletivo mais barata.
Pois bem: o Ver. Elói Guimarães é
Secretário dos Transportes; o Prefeito não pode dar o aumento salarial buscado
pela categoria, ou seja, a reposição de 1,55% do seu piso salarial, mas o
gatilho para o transporte coletivo vai funcionar na Secretaria que tem à sua
frente o homem que foi notícia três anos nesta Casa em função da tarifa. Pois
agora quero ver, quero ouvir a coerência do Secretário dos Transportes, pois é
muito fácil fazer um discurso bonitinho daqui e daqui enfeitar a coisa. Porque
se sabe que muitos que fazem discursos bonitinhos são votos vencidos,
solitários, não representam, sequer, 50% da Casa. Pois bem: agora, na prática,
quero ver. Quero ver como a Administração do Prefeito Alceu Collares, que foi
eleito Prefeito, vai agir. Está com o Prefeito a passagem, está com o Prefeito
uma planilha de custos, a metodologia mandada pelo Prefeito aqui para a Casa.
Está com o Prefeito a metodologia. Eu quero agora ver o preço da tarifa. A
Câmara deu ao Prefeito as condições técnicas para calcular a tarifa.
Evidentemente que, se bem usadas essas condições, não tenho dúvida de que
teremos uma tarifa razoável. Agora, se não cuidada, se não trabalhada - e aí
passa à pessoa do Secretário da SMT - ter-se-á uma tarifa altíssima, o povo
andando a pé. Os empresários continuarão cada vez melhor, o gatilho vai
disparar de mês em mês. Nós sabemos perfeitamente que o Prefeito pode conter
este aumento para daqui a noventa dias. As empresas não vão falir. A Câmara
manteve sem aumento de transporte coletivo mais de um ano. De sorte que eu
espero que o Prefeito Alceu Collares não dê aumento às tarifas e nem o
Secretário da SMT a não ser, no mínimo, daqui a noventa dias. É o mínimo que o
Prefeito Alceu Collares pode fazer com a população. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs.
Vereadores para verificação de "quórum". (Após a chamada.) Há
"quorum".
Passamos à
ORDEM DO DIA
PROC. 0561 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 002/87, do Ver. Hermes Dutra, que
inclui no 1º PDDU, a UTR-02, na UTSI-27, institui regime urbanístico e dá
outras providências.
(Obs.:
Incluído na Ordem do Dia por força do art. 44 da LOM.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Em discussão. Para discutir,
o Ver. Hermes Dutra.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu não pretendo me estender muito, porque o Projeto é conhecido,
senão de todos, mas da maioria dos Srs. Vereadores. Por dever de justiça, quero
fazer uma rápida análise retrospectiva do surgimento deste Projeto.
Quando o Sr.
Prefeito Municipal encaminhou à Casa um projeto com mudanças no Plano Diretor,
andou em todos os gabinetes da Câmara um grupo de moradores do Bairro Chácara
das Pedras, alegando que precisavam preservar uma parte do bairro que tinha
sido comprada já há muitos anos pelos moradores, na expectativa de que ali
fosse uma zona de residências unifamiliares unicamente e que viam, dia a dia,
terrenos ou casas serem vendidas e se transformarem em edifícios de até quatro
pavimentos de altura, que o atual Plano Diretor permitia. E mais ainda:
preocupavam-se com que, modernamente, as alturas sejam aumentadas. Pelo menos
isso é um consenso entre várias pessoas, vários legisladores, embora seja um
assunto polêmico. Eles se preocupam com eventuais mudanças no Plano Diretor que
tornem ainda pior o futuro daquele bairro, que eles vislumbravam pelo desfilar
diário de compras que se transformam, a curto e a médio prazo, em pequenos
edifícios.
Em conversa -
e faço questão de registrar, Sra. Presidente, pelo dever de justiça - com o
Ver. Raul Casa, depois de longa conversa com o Ver. Raul Casa e com o
representante daquele bairro, tomamos a decisão de conversar com os demais
companheiros da Casa e emendar o Plano Diretor, na época, fazendo com que
fossem preservadas as características do bairro, com a clara intenção de deixar
uma área da Cidade preservada para residências unifamiliares. Preparamos,
inclusive, em conjunto com a Associação de Moradores, uma emenda, que por
motivos que todos os Senhores sabem, terminou não sendo apreciada, porque o Sr.
Prefeito retirou o Projeto de mudanças do Plano Diretor. Após isso, ainda
continuando a conversa com o Ver. Raul Casa, tomamos a decisão de apresentar um
projeto que atendesse à reivindicação, que foi entregue a cada Vereador,
através de um memorial, acompanhado de extensa lista de moradores daquele
bairro, pedindo que fosse preservada essa característica, que já não será a
preservação de cem por cento, de vez que, nos dias de hoje, alguns edifícios já
estão construídos e outros, ainda em construção, fatalmente terão suas obras
terminadas pelo direito adquirido. Resolvemos, então, apresentar o Projeto e, a
partir daí, nos tornamos unicamente o canal e não os donos ou os autores de
qualquer coisa que viesse em benefício dos moradores. Apenas é que alguém teria
que fazer. Tomamos essa iniciativa acompanhados pelo Ver. Raul Casa e, a partir
daí, depois de reunião com os moradores naquele local, solicitei a eles que
procurassem um por um os Vereadores e explicassem, detalhadamente, o que
representavam para eles essas mudanças que estávamos apresentando. E, nessa
oportunidade, então, com a manifestação favorável da minha Bancada - Vereadores
Rafael Santos e Mano José, que, na época, tinham também se incluído na luta da
emenda para o Plano Diretor, porque tinham sido procurados também pelos
moradores -, tratei de formalizar aquela solicitação que eles haviam feito aos
Vereadores. Por problemas de ordem técnica, não foi possível fazer na forma
como a Associação queria, mas, de comum acordo, se redigiu um Projeto de Lei
Complementar, criando uma nova UTR naquela parte da Cidade que, noutras
palavras, quer dizer o seguinte: o mesmo regime urbanístico que hoje vige para
o Bairro Três Figueiras, por exemplo, que é um bairro de residências
polifamiliares, vai passar a viger, também, para uma parte do Bairro Chácara da
Pedras, consoante delimitação prevista no próprio Projeto de Lei e no mapa que
circulou largamente pela Casa. Na semana passada, estiveram aqui os moradores
conversando e tirando dúvidas e no dia de hoje também se continua ainda esse
trabalho de sanar eventuais dúvidas que possam ter ficado. Mas, basicamente,
essa nova UTR tem os seguintes limites: Avenida Nilo Peçanha, Avenida Gen.
Barreto Viana, Rua Cananéia, Rua Tremembé, Rua São Leopoldo, Rua Araruama, Rua
Souza Lobo, Avenida Barreto Viana, Avenida José Gertum, Avenida Teixeira Mendes
e Avenida Nilo Peçanha. Esse é o contorno dessa nova UTR que se cria no Plano
Diretor da Cidade. Ainda, por problemas de ordem técnica, tivemos que modificar
o aspecto de localização de comércio na chamada área periférica da UTR, porque,
normalmente, se aproveitam os grandes corredores ou as grandes avenidas ou as
ruas maiores para se fazer um limite, porque nesse limite periférico da UTR se
inclui o comércio e os chamados corredores de serviço, o que não seria
conveniente se fazer no novo limite da UTR, de vez que esta UTR é única e
exclusivamente para atender à preservação de um tipo físico das construções do
local. Não se poderia levar para estas ruas - que não são grandes ruas ou
avenidas - este aspecto de corredor de comércio. Daí por que a própria lei cria
a exceção no que se refere a corredor de comércio, deixando na antiga rua, que
a UTR previa, o mesmo corredor de comércio. O que se pretende com isto, além de
atender à solicitação dos moradores? Se pretende, basicamente, preservar uma
área da Cidade com características próprias. E aqui quero deixar bem claro que
não sou destes que acham que esta Cidade tem que ser apenas uma cidade de casas
com cerquinhas brancas, com entrada para automóvel. Não. Eu acho que nós não
temos população para uma cidade assim e uma cidade tem que ser,
obrigatoriamente, a fisionomia das pessoas que moram nela. Mas nós temos a
obrigação de, assim como nós preservamos, por exemplo, certas áreas de
preservação ecológica, de preservar também áreas que já tenham um contorno
urbanístico definido pela prática e evitar que, no futuro, elas venham a serem
desfiguradas em função do poder econômico de um ou de outro. Com isto, deixo
bem clara minha posição: não sou contra a que se construam edifícios onde já
existem edifícios. Mas estendo a minha posição contrária a que se encha de
edifícios um local onde existem unicamente residências. (Palmas.)
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) V. Exa. fala praticamente em nome da maioria da nossa Bancada. E é uma
questão de justiça incluir junto ao nosso esforço, ao esforço da Bancada do
PFL, a figura do nosso Ver. Frederico Barbosa, que igualmente nos ajudou a
levar a V. Exa. os elementos que propiciaram o Projeto de sua autoria.
O SR. HERMES DUTRA: Por que requeremos o art. 44
para votação? Em primeiro lugar, não desconhecemos que tramita na Casa um
Projeto de modificação do Plano Diretor que muda a Cidade nos mais amplos e
variados setores, com mudanças altamente polêmicas, que vão encontrar ora
defensores, ora acusadores. Essa mudança do Plano Diretor que o Sr. Prefeito
encaminha à Casa já vem sofrendo discussão desde o ano passado, por ser matéria
polêmica. Não se trata do caso em questão, que, quando muito, fere algum
interesse de um ou outro especulador que tenha comprado terrenos para
posteriormente construir edifícios. Pedi o art. 44 porque sabemos que, se um
projeto dessa ordem for esperar a discussão do Plano Diretor, que pelo que se
presume será uma discussão longa, fatalmente a área poderia já estar
desfigurada com a concessão das conseqüentes declarações municipais que já
garantem direito contra eventuais mudanças posteriores na lei.
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Tempo esgotado, Vereador. V.
Exa. está falando no tempo cedido pelo Ver. Rafael Santos.
O SR. HERMES DUTRA: A solicitação do art. 44 se
deve única e exclusivamente a esse fator, e faço também registro para que fique
nos Anais: consultei o nobre Ver. Adão Eliseu, que era o que deveria instalar a
Comissão Especial que estudaria esse Projeto de Lei e a quem já havia pedido
que fosse designado Relator o nobre Ver. Antonio Hohlfeldt, a quem também
solicitei a devida permissão para que não se dissesse que este Vereador estava
atropelando os membros da Comissão ao solicitar o art. 44 para votação urgente.
Ouço o aparte do nobre Ver. Auro Campani.
O Sr. Auro Campani: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. Hermes Dutra, eu me congratulo com o seu
pronunciamento e desde já sou favorável ao Projeto e gostaria de dizer também o
seguinte: que o atual Plano Diretor precisa realmente ser revisado, porque eu
acredito que com este Projeto não se vai alterar e limitar as atividades, por
exemplo, dos profissionais liberais, porque, atualmente, no Plano Diretor, nós
vimos coisas, como, por exemplo, na Avenida do Forte, que é chamado um corredor
de comércio e serviços. Ali, pode-se vender automóveis; ali, pode-se vender
gás, mas não se pode vender livros. Quer dizer: existem estes absurdos no
Plano. Agora, dentro da solicitação e da reivindicação, este Projeto é justo e,
segundo uma comissão que me procurou, afirmou que não alteraria, no caso, as
atividades profissionais liberais. Por exemplo, um consultório médico, um
escritório de contabilidade que venha a contribuir com o bairro não vem poluir
e, tampouco, criar transtornos aos moradores.
Então,
congratulo-me com o pronunciamento de V. Exa. e também sou favorável a este
Projeto de sua autoria. Vamos ficar atentos para as alterações do Plano
Diretor, para que se corrija este tipo de irregularidade, como existe na
Avenida do Forte, na Vila Ipiranga.
O SR. HERMES DUTRA: Eu sou grato a V. Exa. e
quero fazer um registro: efetivamente, o nosso Plano Diretor tem coisas que, se
contadas, servirão para serem incluídas no “Livro de Recordes”, tais são as
suas aberrações. Efetivamente, há casos que não concebem e que precisarão
fatalmente sofrer a intervenção desta Casa através da lei.
Agora, quero
aproveitar também, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, para não deixar de citar
este ou aquele companheiro. Na verdade, eu fui procurado pela maioria
expressiva dos Vereadores desta Casa, que foram dar o seu apoio ao Projeto.
Quero salientar que, efetivamente, outros têm mais e outros têm menos interesse
e quero, antecipadamente, deixar bem claro e pedir aos moradores da Chácara das
Pedras que aqui estão que tenham a grandeza de entender a posição daqueles que
têm posição contrária ao Projeto. Esta Casa é uma Casa democrática, onde as
idéias quase sempre são divergentes uma das outras, e o que se procura buscar
aqui é a média da maioria. Então, não se entenda eventual discordância deste
Projeto como sinal de má vontade deste ou daquele Vereador. Nós temos que ter a
grandeza de aceitar o voto daqueles que não concordam com este Projeto e que,
efetivamente, têm os seus motivos. Embora nós discordemos, devemos
respeitá-los, para que possam, amanhã, respeitar o nosso ponto de vista, quando
nós, eventualmente, viermos a divergir deles. Não quero, Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, estender-me demais, de vez que houve explicações dadas em nível de
gabinete para cada Vereador desta Casa e ampliadas por este Vereador na medida
em que foi procurado, e ainda, de uma forma mais intensa, pelos moradores,
porque este Projeto nada mais é do que tentar expressar a vontade dos moradores
do Bairro Chácara da Pedras. Quero, ainda antes de concluir, lembrá-los de que
há nesta Casa uma CPI que estuda supostas irregularidades na aplicação dos
mapas do Plano Diretor. Devo dizer que respeito o posicionamento de alguns
membros daquela Comissão, que me procuraram alegando o impedimento de votar.
Devo dizer que respeito. Entretanto, permito-me lembrar que este Projeto não
tem, absolutamente, nada a ver se os mapas estão alterados. O nosso Projeto não
vai alterá-los mais. Se os mapas não estão alterados, o Projeto não vai
alterá-los. Então, a votação do Projeto em nada vai alterar o trabalho da
Comissão de Inquérito e sobretudo vai, eventualmente, se deixar que seja
descoberta alguma fraude, que se proporcione a punição necessária, se
efetivamente esses mapas tiverem sido fraudados. O que se quer, aqui, é
preservar uma área da Cidade. Isso vai proporcionar, sobretudo, tranqüilidade
aos moradores que hoje se sobressaltam, a cada dia que passa, com o medo de
que, amanhã, amanheçam com o vizinho do lado tendo vendido a sua casa e
nascendo um edifício ao lado. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Adão
Eliseu, para discutir o PLCL nº 002/87.
O SR. ADÃO ELISEU: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, assumo esta tribuna com o objetivo não de fazer um discurso, não de
fazer proselitismo, mas com o objetivo de dar algumas explicações a alguns
Vereadores, por ser este Vereador Presidente de uma Comissão de Inquérito que
está postulando, junto ao Prefeito Municipal, a retirada do Projeto que
modifica o Plano Diretor, oriundo do Executivo Municipal. Ocorre que nós
estamos pedindo a retirada, segundo uma opinião inicial, do Projeto do
Prefeito. Ficaríamos quase impedidos de votar no outro Projeto apresentado, e
que modifica o Plano Diretor, apresentado por um Vereador. Todavia, depois de
ter conversado com a maioria dos Vereadores da Comissão de Inquérito, achamos
por bem vir à tribuna para darmos outras explicações. Tudo decorreu de uma
conversa que tivemos com alguns membros da Comissão, mas, como o nosso
instrumento de trabalho é a palavra, a palavra que constrói o mundo, a palavra
que destrói o mundo, enfim, me pareceu importante este diálogo rápido que se
tem dentro deste tambor de ressonância que é o Plenário. Pareceu-me
interessante porque, a partir daí, nos foi possível tomar outra posição. E a
minha vinda à tribuna, além de outras razões, se resume no fato de liberarmos
todos os oito integrantes da Comissão de Inquérito, que estavam inibidos de
votarem favoravelmente ou contra o Projeto, porque nos parece que o Projeto
apresentado pelo Ver. Hermes Dutra, realmente, é um projeto bom, é um projeto
que vem trazer benefícios para uma parte da comunidade porto-alegrense. Não se
pode resolver problemas de interesse da comunidade sem estudá-los, e, depois de
ouvirmos alguns amigos que integram as comissões de moradores que nos visitam
hoje, chegamos à conclusão de que o Projeto é válido, pois, como já disse, o
Projeto, sendo interessante, sendo importante, nós vamos liberar à Comissão de
Inquérito para votar como lhe aprouver. (Palmas.) Queremos, também, declarar
que vamos votar favoravelmente ao Projeto. (Palmas.) Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Clóvis
Brum, para discutir o PLCL nº 002/87.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, deveríamos ter votado, antes deste Projeto, um Parecer a dois
Requerimentos - do Ver. Antonio Hohlfeldt e deste Vereador - que a douta CJR da
Casa votou favorável e aprovou por unanimidade, mas a Mesa, até presente data,
não colocou em votação do Plenário esse Parecer, o que me libera para o
exercício do voto. Não podemos ficar aqui constrangidos ou impedidos de votar
nessa ou naquela proposição, a favor ou contra. Rigorosamente, estranhei o
comportamento da Mesa, mas que, a partir de agora, para mim, perde a
necessidade da votação desse Parecer da CRJ porque estamos realmente diante de
um projeto, um projeto que não está nem por pensamento ligado aos mapas
alterados do Plano Diretor de Porto Alegre pela SPM. A prova é a busca dos
moradores à proposição da Casa para alterar a sua unidade territorial. Porque,
se os mapas estivessem alterados, ou pudessem ser alterados, eles, os moradores
da Chácara das Pedras, resolveriam com a maior facilidade na Secretaria do
Planejamento, que é o local onde foram encontrados esses mapas que tratam da
Comissão de Inquérito funcionando nesta Casa. Nem eu, como autor do pedido de
recurso à CJR, nem o Presidente da Comissão de Inquérito que há pouco falou,
Ver. Adão Eliseu, estamos preocupados com o desfecho da CJR, porque, se o fato
social gera a lei, temos aí um fato social e, diante de um fato social, tem que
se fazer a lei. E a lei deverá ser feita nesta Casa criando-se uma nova Unidade
Territorial a fim de assegurar os direitos daquelas famílias que, ao longo de
anos de sacrifício, conseguiram fazer a sua residência, a sua casa, e agora,
diante das facilidades contempladas pela atual Unidade Territorial 03, estão,
digamos assim, ameaçadas de verem as suas residências, as suas casas dizimadas
no seu valor econômico e até estético em função de eventuais obras de edifícios
naquela área.
Portanto, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, o que se vota nesta tarde não é um fato novo e
não é um fato suspeito, absolutamente. É um projeto transparente, claro,
inquestionável, e que tem uma finalidade específica: dar à população da Chácara
das Pedras a tranqüilidade de lá continuar com o seu domicílio, criando os seus
filhos e lá morando sem o perigo da construção de grandes blocos de
apartamentos. Aliás, existem, em Porto Alegre, grandes extensões de áreas
vazias onde se poderá colocar a quantidade de apartamentos que bem se entender
e que atenda a necessidade da população que não tem onde morar. Dizer que Porto
Alegre não tem necessidade habitação de é um equívoco. Absolutamente. Há uma
grande necessidade. Nós diríamos que Porto Alegre hoje precisa, no mínimo, de
trezentas a quatrocentas mil habitações a fim de atender a população que está
completamente sem onde morar. Entretanto, não é em cima de uma Chácara das
Pedras, onde estas pessoas pagaram o calçamento, a iluminação, todo o traçado
viário; pagaram os seus terrenos e lá fizeram as suas casas, área que já está
edificada, área que já está completamente tomada pela residência dos seus
moradores. Então, o que deve fazer a Casa hoje com toda a tranqüilidade? É
garantir a estas famílias a tranqüilidade de que não se vá alterar, que
continue como está o Plano Diretor e nem se vá alterá-lo no futuro, atingindo
esta área.(Palmas.)
Hoje, Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, a votação ocorrerá favorável. Agora, me preocupa
que amanhã uma outra emenda ao Plano Diretor não reintegre a uma área
privilegiada setores hoje atingidos pelo Projeto que se pretende votar, de
autoria do Ver. Hermes Dutra. Preocupa-me muito que se vote favorável hoje e no
amanhã não se tome outra decisão para alterar este traçado, porque aí estaremos
dando um passo muito desagradável e colocando esta Casa em péssimo julgamento.
Eu acredito, sim, que a Câmara vota hoje e poderá alterar outras Unidades, mas
haverá de consagrar a sua decisão, nesta tarde, com um instituto legal e
duradouro às famílias que moram na Chácara das Pedras. É um aspecto que
saliento, até porque, de um momento para outro, nesta Casa, poderá chegar um
projeto alterando o restante da Unidade 03, pinçando pedaços da 02 que se
criará hoje. Nesse sentido, agora voto favorável à criação da Unidade 03; de
público, antecipo minha decisão em repudiar qualquer alteração futura a essa
Unidade, o que deixa os moradores tranqüilos de que a Casa fará uma legislação
duradoura em seu favor.
O Sr. Auro Campani: V. Exa. me permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ouço V. Exa. e só tenho uma correção ao
início de seu discurso, já que V. Exa. merece meu respeito e admiração pelo seu
trabalho. V. Exa. bem sabe que nós, do PDT, também somos favoráveis ao Projeto,
bem como também somos favoráveis ao aumento do número de habitações em Porto
Alegre, em vista de alta taxa de carência. Só que V. Exa. citou os mapas e lhe
informo que há uma CPI estudando as possíveis alterações dos mapas do I PDDU.
Essa CPI foi solicitada por um nosso companheiro de Bancada, a pedido do Sr.
Prefeito, e ela verifica a alteração - se houve ou não. Não está, ainda,
comprovada nenhuma alteração. A CPI ainda não encerrou os trabalhos.
O SR CLÓVIS BRUM: Obrigado.
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) A votação deste Projeto é uma demonstração inequívoca da independência
desta Casa. Nós levantamos o problema do Plano Diretor de Porto Alegre e de sua
esclerose, salientando que precisamos rejuvenescê-lo, que precisamos fazer com
que nossa Cidade se modernize, mas precisamos, também, manter as condições de
vida adequada para cada área. E esta é uma área em que os moradores já se
encontram nas unidades unifamiliares. Portanto, é uma medida mais do que justa,
adequada às circunstâncias, e é uma área que precisamos manter dentro destes
padrões. Portanto, fica aqui uma manifestação clara e inequívoca de que esta
Casa trabalha em favor da população, como trabalhará em função das modificações
que precisam ser feitas, urgentemente, no Plano Diretor.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sou grato a V. Exa.. E
concluo, Sra. Presidente, dizendo que a votação será tranqüila pela justeza,
pela necessidade, pela maneira educada, política e técnica com que a Associação
dos Moradores apresentou à Casa, aos Vereadores, este Projeto. Meus parabéns
aos moradores e aos Vereadores que votarão favoravelmente. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Brochado da Rocha, para discutir o PLCL nº 002/87.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sra. Secretária no exercício
da presidência, falo à vontade, porque, em verdade, o meu voto não será um
voto, porque a Casa, por manifestações aqui feitas, coloca-se altamente
favorável ao Projeto. Portanto, não me caberá a oportunidade de qualquer
desempate, mas cabe fazer uma reflexão.
Entendo que
este assunto, como os demais, deveria transcender à simples vontade dos
Executivos momentâneos ou da constituição de Câmaras, que variam de acordo com
as eleições que se realizam, para recair diretamente onde estão colocadas as
pessoas e que essas pessoas deveriam decidir a vida do seu quarteirão, do seu
bairro, e não ficar a questão colocada de uma forma gráfica ou de uma forma
impessoal. Em verdade, muito se tem dito sobre Plano Diretor, mas muito pouco,
pouco mesmo, ou quase nada tem sido feito que represente a vontade da Cidade.
Acho que essa vontade da Cidade é que deve ser auscultada. É claro que as
classes menos privilegiadas têm bem mais dificuldades para opinar sobre esse
mesmo Plano, cuja complexidade põe em dúvida o conhecimento real da população
e, mais ainda, põe em dúvida o respeito real daqueles que têm condições, sem
conhecer devidamente ou quase nada este mesmo Plano. Entendo, Sra. Presidente,
Srs. Vereadores, que o Plano ou brota de quem nele vive ou brota da
excrescência, das idiossincrasias e das manipulações. É chegada a hora de
percorremos outros caminhos que não os caminhos daqueles que, não estando
diretamente ligados ao assunto, opinam sobre este mesmo Plano.
Quero registrar
aqui o que sempre registro fora daqui: num determinado momento, ouvia eu
atentamente e respeitosamente um cidadão que era visceralmente contra qualquer
tipo de edificação de maior porte, ou seja, de edifício. Ele fazia um longo
discurso, bastante judicioso, um discurso que era um canto maravilhoso a favor
da natureza, da vida e etc. Para surpresa minha... Face ao brilhantismo do
orador, eu quis saber quem era aquela figura maravilhosa. Para surpresa minha,
independente do nome e das qualificações da pessoa, essa pessoa simplesmente
habitava o maior espigão de Porto Alegre e o mais nocivo e que também, me
perdoem, não vou citar qual. De maneira que os direitos individuais do cidadão
ou da cidadania porto-alegrense estão sendo colocados de uma forma muito
diversa daquilo que pensa cada um que habita uma área e, sobretudo, não está
sendo visto o que consulta com os reais interesses da cidade de Porto Alegre.
Não há uma configuração clara. Não usaria a palavra “transparência”, porque
transparência caminha velozmente por se tornar um chavão de se querer passar à
opinião pública a lisura na coisa pública quando em verdade esta lisura não
existe. De tal sorte que hoje votamos o que é de peculiar interesse de uma
área, mas quero deixar nesta tribuna uma indagação: por que não se avançou em
outras áreas? Onde estão os peculiares interesses de outras áreas? Onde ficaram
os desejos das pessoas que habitam outras áreas? Onde ficaram os interesses
contrariados? Onde ficou a nossa Cidade? Onde ficou a subabitação marginalizada
e disseminada por todos os cantos da Cidade? Onde ficou o cuidado com as áreas
verdes que são tratadas como coisa abandonada? Onde ficou a cidadania a ser
exercida por um e outro, de norte a sul desta Cidade? Esta ficou amordaçada,
esta ficou simplesmente recolhida aos gabinetes, inquirida por uns e outros, no
sentido de inviabilizar os desejos de uma Cidade, os desejos de um bairro, os
desejos de uma quadra e, mais ainda, ficou esmagada e soterrada por induções
por manipulações próprias e caracterizáveis por alguns que acham que a nossa
Cidade está pronta e acabada, quando, a cada dia que passa, temos nós, até pela
dinâmica psicológica de cada um, seguindo a dinâmica de nossa Cidade, outros
desejos. E, à medida que se coloca uma cidade numa camisa de força, torna-se
impossível acolher pedidos desta ordem, que hoje a Câmara irá acolher. Tenho
certeza que vários outros pedidos a nível destas áreas e áreas semelhantes
estão para serem atendidas. No entanto, o imobilismo é a tônica mais forte, a
pessoalidade é a tônica mais forte. Na medida em que são afastadas as pessoas,
na medida em que são afastados os interesses da Cidade e colocados tão-somente
os interesses conceituais ou doutrinários numa esquizofrenia tecnicista, a
Cidade perde e os cidadãos perdem dentro desta Cidade. Há que um dia dizer-se
que esta Cidade vai mudar, mas ela mudará na exata medida e quando houver
manifestações e pressões sobre esta Casa e as pessoas, legitimamente,
responderem pelos seus próprios interesses, ressalvando interesses de
terceiros, não de uma forma transparente, mas de uma forma objetiva e
conferindo o fato publicamente. Será diferente a nossa Cidade. Enquanto campear
a técnica em desatendimento do óbvio das pessoas e dos desejos dos cidadãos,
teremos sempre coisas como hoje vamos votar, e são muitas e são muito grandes.
E a nossa Cidade continua com o mesmo colorido, deixando as áreas ambientais
serem apenas áreas ambientais para serem decepadas. E continuam as pessoas a
serem contrariadas nas suas aspirações, e continuamos com a super-habitação e
continuamos sem nenhuma política social em Porto Alegre! Este é o quadro.
Vota-se, deve-se votar todos os dias, desde que represente clara e
legitimamente os interesses das pessoas que arcam com o custo desta Cidade. E,
por outro lado, devem ser votados aqueles que arcam com o custo de apenas serem
sobreviventes nesta Cidade. E isto precisa ser colocado acima de qualquer
questiúncula, mas que apenas confira com a realidade de Porto Alegre. Vivemos
hoje, e há muito tempo, o quadro triste onde foi retirado o direito da
cidadania das pessoas e colocada apenas uma coloração tecnológica, tecnicista,
tecnocrática, que não representa, em nenhum momento sequer, o interesse da
cidadania e muito menos o interesse da Cidade. Muito obrigado (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis Mantelli): Com a palavra, o Ver. Caio
Lustosa.
O SR. CAIO LUSTOSA: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, senhores moradores e/ou proprietários do Bairro Chácara da Pedras,
desde que aqui chegamos à Câmara Municipal, tem sido nossa preocupação, e
firmada em compromisso até de campanha eleitoral, procurar fazer com que o
Plano Diretor, ou as modificações que atingem a cada bairro e cada área desta
Cidade, se tornem não aquilo em que se converteu a legislação urbanística de
Porto Alegre - algo hermético, fechado, cheio de segredos, de manipulações nos
gabinetes da Secretaria do Planejamento, de influências terríveis dos grupos
imobiliários a modificarem, a seu bel-prazer, a fisionomia desta grande
metrópole, mas um Plano Diretor que se torne - para usar um modismo que há
pouco verberou o nosso Presidente - não que se torne transparente, mas que se
torne insuscetível de suspeições e dúvidas, pelo que se faz e pelo que se
desfaz nas modificações de uso, nas transformações da paisagem urbana, com
reflexo - é evidente - sobre cada uma das pessoas que habitam o nosso
território e cada um dos nossos bairros. Vimos e participamos, aqui, de
alterações de Plano Diretor, nesses quase cinco anos, com endereços certos,
determinados, privilegiando grupos. Alterou-se uma área imensa no Centro, em
benefício de uma antiga e poderosa empresa jornalística desta Capital.
Entregou-se a área enorme da antiga Casa Branca dos Farrapos, lá no Morro
Santana, para um guloso empreendimento imobiliário, que arrasou com os últimos
vestígios de uma bela paisagem, de um belo recanto de preservação consagrada no
Plano Diretor e, em lugar disto, lá estão, ou devem estar - se é que a
decadência e a falência da construção imobiliária não inviabilizou este
empreendimento - 60 blocos, espigões a desfigurar aquilo que deveria ser uma
área de preservação. Os exemplos foram e são inúmeros, do que decorre uma
conclusão clara de que os interesses nesse campo quando toca a prosperidade do
solo urbano são fortes e poderosos. Nós, não eu isoladamente, mas muitos
Vereadores desta Casa, temos procurado, ao menos, frear um pouco essa avalanche
que os “donos da Cidade” propiciam sempre, naquela visão e dinâmica de
acumulação de lucro de construções e construções mais gigantescas, sem que isso
implique uma melhoria da qualidade de vida dos próprios adquirentes desses
prédios de apartamentos. Há bem pouco fez-se um estudo publicado no “Diário do
Sul”, demonstrando que a área desses apartamentos nos últimos 10 - 15 anos
nesta Cidade sofreu uma redução de forma a colocar as pessoas, locatários e
proprietários, em verdadeiros galinheiros de concreto. Mas justamente por todo
esse passado de constatações que viemos aqui na Câmara assistindo e que hoje
propicia o funcionamento de uma Comissão de Inquérito sobre alterações e
manipulações de mapa a nível de Secretaria de Planejamento, por tudo isso
sempre ficamos um tanto ressabiados e temerosos a cada vez que um projeto
desses vem a debate. Tivemos o cuidado, com a assessoria de que dispomos, de
averiguar a legitimidade do interesse dos moradores da Chácara das Pedras neste
Processo que agora irá se votar. Houve algumas objeções no sentido de que
poderíamos estar privilegiando um bairro de unidades unirresidenciais e com
isso elitizando o espaço da nossa Cidade, que ali havia mansões capazes de se
tornarem como que mais um foco de privilégios dos que têm a ventura de possuir
uma casa, uma residência em Porto Alegre. Mas, sinceramente, Sra. Presidente e
Srs. Vereadores, não conseguimos nos convencer de que esse Projeto seja um
projeto de caráter elitista. Sabemos bem que, com a sua aprovação, não vamos
resolver o problema de habitação, da moradia da grande massa dos
porto-alegrenses, e numa proporção de quase um terço que habita a zona da
periferia nas piores condições. Mas, dentro de um compromisso que temos no
movimento ecológico, de não passar a nivelar por baixo, mas de respeitar as
conquistas que garantam às pessoas residências condignas, nós não vimos depois os
elementos de informação que recebemos relativos a este Projeto. Não vemos no
que ele possa começar a desmerecer a aprovação, pelo contrário, através da
mobilização dos moradores da Chácara das Pedras, ele serve, isso sim, também,
de um precedente positivo e elogiável para que outras parcelas de nossa Cidade,
que bem logo, talvez, sofram o assédio da especulação imobiliária, com
alterações funestas que estão se desenhando por aí e anunciando a cada dia e a
cada hora, possam os outros bairros da Cidade, que tem a sua configuração de
vida, de existência já solidificados, possam eles também se opor a projetos
enganosos sob o pretexto de aumentar os gabaritos e construir edifícios com
moradias que nós sabemos que não estão ao alcance da bolsa de cidadãos até de classe
média alta que possam, então, com os outros bairros, ter um comportamento de
mobilização, de questionamento do que pretendem em relação ao seu bairro. É
nesta perspectiva que vamos dar o nosso voto, junto com outros companheiros
desta Casa, mas também alertando que este mesmo posicionamento nós teremos em
relação a todas as alterações relativas ao Plano Diretor. Não vamos votar a
favor da Chácara das Pedras para que ela se torne e continue a ser um lugar
habitável e vivível, tornando-nos omissos, por exemplo, em relação à Cidade
Baixa, ao Bairro Bom Fim e tantos outros que sabemos que estão na mira dos
grandes empreendimentos que apenas visam com espigões aumentar a sua
especulação imobiliária. Assim é que vamos votar favorável a este Projeto, com
esta ressalva de que este questionamento, como o que fizemos agora aqui, o
faremos em relação a todas e quaisquer modificações do Plano Diretor. Somos,
então, pela aprovação do presente Projeto, que mantém as condições da Chácara
das Pedras. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Artur
Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, pretendia falar no encaminhamento, a pedido do nosso Líder, Ver.
Raul Casa, mas, como não faremos mais encaminhamento, por decisão dos
Vereadores, estou falando em nome de alguns da Bancada. Gostaria de colocar,
para todos os senhores que aqui estão, e os que não participam dos trabalhos da
CPI, que o constrangimento para esta votação, por parte dos integrantes desta Comissão,
era muito grande, muito grande porquanto os depoentes desta CPI normalmente têm
dois tipos de posicionamento nesta Casa. Uns dizem que não há mapas fraudados,
que não há irregularidade alguma. Outros dizem que tudo é fraudado, inclusive
os mapas oficiais, coloridos, que acompanharam a Lei. E como nesta Casa
existiam dois projetos tratando de Plano Diretor, a Comissão em reunião de duas
ou três semanas atrás resolveu fazer uma visita ao Sr. Prefeito Municipal,
pedindo a ele que procurasse que o Projeto oriundo do Executivo não fosse
votado. E que se houvesse pedido de qualquer Vereador pelo artigo 44 para o
Projeto do Sr. Prefeito Municipal, que ele retirasse o Projeto, porque naquele
momento nós não nos achávamos em condições de votar qualquer projeto de Plano
Diretor. Igual requerimento foi feito pelo Ver. Clóvis Brum, que pedia que nada
de Plano Diretor fosse tratado nesta Casa. Então, efetivamente o
constrangimento era muito grande e não em uma reunião formal, mas em uma
reunião informal, o Sr. Presidente Adão Eliseu consultou grande parte dos
integrantes desta Comissão, liberando os integrantes da mesma para a votação.
Eu, inclusive na minha Declaração de Voto, declaro-me liberado para qualquer
projeto a partir deste momento. A Comissão continua com o seu trabalho e eu,
que faço parte da Comissão, tenho estado presente a todas as reuniões. Vejam os
senhores e as senhoras que amanhã, aqui, estará o Sr. Secretário do
Planejamento do Município e os quatro representantes comunitários da Cidade
estarão depondo amanhã. Existem depoimentos de jornalistas que em suas crônicas
escreveram que sabiam por que havia sido fraudado tal mapa e a quem beneficiava
o mapa. Isto está escrito na imprensa e este cavalheiro foi convidado a depor
aqui. Então, para aqueles que falaram comigo a minha posição, que eu não
votaria este Projeto, a não ser que fosse liberado pelo Sr. Presidente Adão
Eliseu - isto acaba de ocorrer; então nós vamos votar e, neste caso, vamos
votar favorável. (Palmas.) Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Não havendo mais inscritos
para a discussão, entramos em regime de Votação.
Encaminha,
pelo PDT, o Ver. Cleom Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, a Bancada Governista nesta Casa votará favoravelmente quase que por
sua totalidade de seus membros. Nós entendemos que o Projeto apresentado, nesta
Casa, através do Ver. Hermes Dutra, é um Projeto que motiva a comunidade em
favor dos seus interesses. Nós temos, no Plano Diretor da Cidade, inúmeras
áreas, inúmeros locais onde o Regime Urbanístico não está definido. E é muito
bom que os moradores venham a esta Casa dizer aos Vereadores o que desejam e
que, após a tramitação que é de lei e é indispensável, vêm à votação deste
Plenário.
A Bancada do
PDT, conforme disse, respeitados alguns aspectos de dois ou três Vereadores que
estão com compromissos já ligados à Comissão Parlamentar do Inquérito - o que
já foi abordado, aqui, pelo Ver. Artur Zanella -, votará favoravelmente.
Então, este é
um Projeto que pode ser considerado aprovado e eu manifesto a minha satisfação
de ver a comunidade nesta Casa e que voltem outras vezes. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt, do
PT.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, senhores moradores da Chácara das Pedras, não quero cobrar-lhes o
preço de mais um discurso, até porque a minha posição está tomada há muito
tempo, desde o início do ano quando os senhores trouxeram à Casa este pedido,
depois formalizado pela Liderança do PDS.
E a minha
posição está tomada, como já tive oportunidade de dizer durante um encontro, um
convite que tivemos da Associação de Moradores, do qual participamos, bem como
o Ver. Zanella, o Ver. Braz, porque eu entendo que há uma justiça absoluta na
reivindicação dos senhores, em primeiro lugar.
Em segundo
lugar, porque eu entendo que esta reivindicação não resulta num privilégio
específico aos senhores, mas resulta numa vantagem para a Cidade como um todo.
E nós devemos votar, aqui, pelo menos eu venho procurando fazê-lo, exatamente
votar em favor da Cidade, tentando preservar a Cidade.
Estou
regressando de São Paulo e confesso aos senhores que voltei bastante marcado
pela paisagem da Avenida Paulista após o incêndio da semana passada. E isto
apenas ratifica, evidentemente, a disposição de lutar com toda a força
possível, enquanto tivermos um mandato nesta Casa, para preservar os espaços da
Cidade. E neste sentido, sobretudo, portanto, que fique aqui a nossa palavra em
nome do Partido dos Trabalhadores, com a posição clara de que nós não temos
nenhum preconceito a certos segmentos sociais ou certos setores da Cidade. Os
nossos preconceitos eventuais serão sempre contra a ilegalidade, e contra o
privilégio que prejudique a setores sociais. Na medida que esta reivindicação
não prejudica a ninguém, ao contrário, garante um pedaço a mais de área
habitável à cidade de Porto Alegre, evidentemente não podemos aqui adiantar ou
antecipar o futuro, mas que esperamos possa assim permanecer e que esta luta,
esta mobilização que os senhores foram capazes de realizar possa ser alcançada
também por outros setores da sociedade brasileira e da sociedade de Porto
Alegre, por uma daquelas talvez 296 vilas marginais que temos nesta Cidade que
também precisam desta luta, que também precisam dos votos dos 33 Vereadores
desta Casa. Eu não sou e meu Partido também não é daqueles que pretendem
nivelar por baixo ou pelo pior, ao contrário, nós entendemos as reivindicações,
mas o que devemos é atingir uma qualidade de vida extensiva a toda a população
do Brasil, da América, de Porto Alegre, deste mundo. Portanto, nós entendemos
que a reivindicação dos senhores, a vitória dos senhores, é também um pouquinho
a vitória da cidade de Porto Alegre. Entretanto, alertamos ao fato de que não
basta a decisão desta Casa para que os senhores atinjam suas reivindicações.
Esperamos que, alcançados aqui os votos necessários, o Executivo - que naquela
noite da discussão se fez presente, através do Sr. Secretário Municipal de
Planejamento, Newton Baggio - não mude de opinião e não ceda às pressões dos
outros interesses para que, portanto, não haja veto ao Projeto que, ora,
parece, será aprovado nesta Casa. E mais: se houver veto, que esta Casa
mantenha a mesma linha dos discursos ouvidos nesta Casa nesta tarde e que tenha
o número suficiente para sua derrubada. É muito fácil discursarmos, mas,
depois, teremos o desafio de assumirmos isso de fato, num gesto concreto. Isso,
às vezes, tem sido mais difícil. De nossa parte, apenas essas observações. Já
fomos favoráveis ao Projeto, desde o primeiro dia. Mantemos essa posição, pois
nenhum fato novo ocorreu para modificar a posição e esperamos que essa mesma
coerência sobreviva no Executivo, que ele não faça o veto deste Projeto. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PFL, o Ver. Raul Casa.
O SR. RAUL CASA: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, a Bancada
do PFL, que desde o primeiro momento se posicionou a favor dos moradores da
Chácara da Pedras, considera esta decisão de hoje histórica. Na verdade,
começamos a mexer no Plano Diretor preservando o que deve ser preservado, mas
transformando áreas que precisam ser agilizadas, que precisam ser dinamizadas,
em áreas rejuvenescidas, em áreas prósperas, que façam com que os moradores não
apenas do bairro, mas da Cidade, se sintam bem. Não é crível que tenhamos em
nossa Cidade cidades paradas, como é o caso do Bairro Navegantes ou a Glória e
Teresópolis. Mas, não é crível, também, que áreas designadas como unifamiliares
venham a ser embutidas com espigões. Isso nós não queremos e não deixaremos
fazer.
Resistimos às
pressões, resistimos àqueles que pensam que esta Casa é sujeita a pressões de
toda a natureza.
Estamos dando,
aqui e agora, um exemplo prático e concreto de que podemos alterar o Plano
Diretor. Podemos alterar as formas de viver dos nossos habitantes sem
tirar-lhes a qualidade de vida.
Por isso, a
Bancada do PFL, que, através de um dos seus membros, solidarizou-se, participou
e ajudou a elaborar este Projeto, sente-se orgulhosa por dois motivos.
Primeiro, porque os habitantes de Porto Alegre, através dos Vereadores, saberão
que nós estaremos vigilantes, atentos na defesa dos seus interesses. E, em
segundo lugar, porque vamos fazer com que essa Cidade seja uma cidade moderna,
atualizada, e não um aldeião como muitos querem. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PMDB, o Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores. Já alterei, com voto favorável da Casa, várias vezes, o Plano
Diretor da Cidade. Mais de 70 mil pessoas tiveram consagrado em lei o direito
de morar nesta Cidade, em função de projetos que apresentamos à Casa alterando
o Plano Diretor, ora transformando as famigeradas áreas industriais ao lado da
Farrapos em áreas de recuperação urbana para fixação de núcleos irregulares ali
existentes, ora transformando depósitos de lixo, pelo Plano Diretor denominadas
como “área de reserva para praça”, em área residencial, ora transformando
reservas de preservação ecológica nesta Cidade, onde mais de quarenta mil seres
humanos moravam. Me refiro ao Mato Sampaio, Vila Divinéia e a Vila Pinto. Essas
áreas foram transformadas em áreas residenciais e as pessoas puderam lá ficar e
receber os benefícios todos que já estão recebendo. Tenho votado
permanentemente na atualização do Plano Diretor. Quero que o Plano Diretor seja
um instrumento de satisfação da comunidade e não um instituto elitista que
esteja a estagnar o desenvolvimento em Porto Alegre. Proibir a construção de
bloco de edifícios na Chácara das Pedras não é retirar o progresso de Porto
Alegre. Lá, as pessoas, ao longo de muitos anos - alguns, eu até diria, ao
longo de quase toda a sua existência - com muito sacrifício conseguiram fazer a
sua Casa e criar os seus filhos e, diante da grave ameaça de uma expansão
desordenada, enquanto vazios privilegiados continuavam sem qualquer tipo de
habitação, eles estavam à mercê de uma invasão econômica e poderosa na
destruição dos seus únicos bens. Esta Casa haverá de consagrar nesta tarde a
nova Unidade Territorial nº 2. Tão logo acabem os encaminhamentos, farei um
requerimento à Mesa para que a votação seja nominal, no sentido de que todos
aqueles que votarem favoráveis a esse Projeto não só se comprometam de
derrubar, nesse momento, o eventual veto, como também de votar contra uma
eventual alteração que possa ceifar parte desta área contemplada com a nova
Unidade 02. Dois são os motivos, Sra. Presidente, Srs. Vereadores, da votação
nominal: primeiro, é para que amanhã, se vetado pelo Prefeito este Projeto, não
possam os Vereadores dizerem “mas eu tenho que votar a favor do meu Prefeito”.
É necessário que o Prefeito agora vote a favor dos seus moradores. E, segundo, para
que amanhã, num momento inesperado, naqueles momentos rápidos, ao ser
apresentado, o que eu não acredito que ocorra, um Projeto, desta Casa ou do
próprio Executivo, objetivando alterar áreas da Zero 3, não venha a atingir os
limites que ficarão determinados pela Zero 2, objeto do Projeto em votação,
nesta tarde. Por isso, Srs. Vereadores, o PMDB votará maciçamente favorável ao
Projeto, dando àquelas famílias, a esse contingente, a esse pequeno Bairro
Chácara das Pedras, uma segurança para continuarem fazendo seus investimentos
nos seus lares. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Para encaminhar, pelo PL, o Ver. Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, eu penso que é um projeto histórico e para quem não sabe é a
primeira vez que o PL se manifesta nesta tribuna encaminhando um projeto. E eu
faço com muito prazer, porque conheço o problema, seu único representante Líder
nesta Casa tem uma vinculação muito grande com esta área da Cidade, porque muito
próximo vivi minha meninice, porque me criei na Rua São Simão, jogando futebol
na Chácara das Pedras. Mas penso que o meu Partido, que defende a propriedade,
respeita o direito adquirido, não iria ser contrário à manutenção do “status
quo” da Chácara das Pedras, no que tange às propriedades das pessoas que lá
residem. Por isso, com tranqüilidade, encaminho este Projeto favoravelmente,
esperando também que não sejam aqueles imóveis diminuídos no seu valor, porque
também tem que ser olhado este ângulo: as propriedades devem ser preservadas,
por muitos motivos, e também por motivos econômicos não devem ser dilapidadas
ou distorcidas as suas áreas em relação ao bom viver da população, a vivência
numa área que não deve ser transformada para pior, diminuindo o nível de vida
da população. Por isso, este Vereador, solitário, de uma Bancada de um homem
só, por enquanto, mas que espera aumentar, em breve, e espera contar com a
população também, porque é um Partido de centro que já têm os seus adeptos,
temos aqui o Dornelles, meu querido amigo de Rio Grande, que vai formar o
Partido lá. É um Partido que está começando, neste País, e que não tem
compromissos com os erros do passado e nem com os erros do presente, está
voltado para o futuro e eu espero que o futuro da Chácara das Pedras seja o
melhor possível, com o nosso voto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. CLÓVIS BRUM: Requeiro à Mesa, nos termos
regimentais, que a votação se processe pela forma nominal.
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Em votação o Requerimento do
Ver. Clóvis Brum, solicitando votação nominal. (Pausa.) APROVADO.
O SR. PAULO SANT'ANA (Questão de Ordem): No art. nº 111, parágrafo
6º, do Regimento Interno, diz o seguinte: “Tratando-se de causa com que se
beneficie pessoalmente, ou beneficie parentes ou pessoas, ou empresas de que
seja Procurador, o Vereador está impedido de votar”. Tendo eu na minha linha de
parentesco uma pessoa que possui imóvel naquela área, eu me declaro impedido de
votar.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa acolhe a Questão de
Ordem do Ver. Paulo Sant'Ana e considera V. Exa. com impedimento para votação.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Sra. Presidente, com relação
aos termos regimentais citados pelo Ver. Paulo Sant'Ana, eu tenho um irmão que
tem uma propriedade e mora lá no Bairro Chácara das Pedras, e eu não me
considero suspeito.
O SR. ARANHA FILHO (Questão de Ordem): Para contrapor à Questão de
Ordem do Ver. Paulo Sant'Ana, nós, daqui a alguns dias, iremos votar o Plano
Diretor de Porto Alegre, e toda a Câmara se sentirá impedida de votar o mesmo,
por morar em Porto Alegre e por termos nossas respectivas famílias morando
aqui. (Palmas.)
O SR. PAULO SANT'ANA (Questão de Ordem): É preciso que fique claro:
eu não fui para a tribuna verberar contra o Projeto, eu não me manifestei
contra o Projeto e nem me julgo suspeito, pelo que até, sob certo aspecto,
ponho um reparo à expressão do Ver. Clóvis Brum. No entanto, esse art. 6º trata
de uma questão de foro íntimo, que tem que ser respeitada. Eu, inclusive, respeito
a posição do Ver. Clóvis Brum, que lá tem parente com propriedade, mas o
parágrafo 6º do art. 111 coloca ao arbítrio da pessoa que se julgar impedida de
votar que o faça. Eu não me manifestei contra o Projeto e nada tenho contra o
mesmo, mas peço que seja relevada a minha posição.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa acolhe e respeita a
decisão de V. Exa.
Solicito ao
Sr. 2º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a
votação do PLCL nº 002/87.
O SR. 2º SECRETÁRIO: Adão Eliseu (sim), Antonio
Hohlfeldt (sim), Aranha Filho (sim), Artur Zanella (sim), Bernadete Vidal
(sim), Caio Lustosa (sim), Cleom Guatimozim (sim), Clóvis Brum (sim), Ennio
Terra (sim), Frederico Barbosa (sim), Gladis Mantelli (sim), Hermes Dutra
(sim), Ignácio Neis (sim), Jaques Machado (sim), Jorge Goularte (sim), Jussara
Cony (sim), Luiz Braz (sim), Mano José (sim), Paulo Satte (sim), Rafael Santos
(sim), Raul Casa (sim), Teresinha Irigaray (sim), Nilton Comin (sim), Flávio
Coulon (sim), Isaac Ainhorn (sim), Getúlio Brizolla (sim), Pedro Ruas (sim),
Auro Campani (sim) e Kenny Braga (sim).
A SRA.
PRESIDENTE: Resultado da votação: vinte e nove votos SIM. APROVADO o PLCL nº
002/87.
(Obs.: Foi
aprovado o Requerimento de autoria do Ver. Hermes Dutra, solicitando dispensa
de distribuição em avulsos e interstício para a Redação Final do PLCL nº
002/87, considerando-a aprovada nesta data.)
A SRA.
PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à leitura das Declarações de
Voto dos Vereadores Aranha Filho, Raul Casa, Ignácio Neis, Bernadete Vidal,
Frederico Barbosa e Artur Zanella.
O SR. 2º SECRETÁRIO: (Lê.)
“Declarações
de Voto
Voto favorável
ao projeto por entender justa a reivindicação dos proprietários da Chácara das
Pedras.
Independentemente
do resultado desta votação, fico à vontade para votar qualquer outro projeto
que altere o Plano Diretor de Porto Alegre, em plena tramitação da CPI,
entendendo-a esvaziada.
(aa) Aranha Filho, Raul
Casa, Ignácio Neis, Bernadete Vidal e Frederico Barbosa.
Voto este
projeto, liberando-me para votar outros projetos referentes ao Plano Diretor,
sem a conclusão da CPI, em andamento nesta Casa.
(a) Artur Zanella.”
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO SECRETA
- URGÊNCIA
PROC. 1114 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 031/87, que concede aumento de
vencimentos aos funcionários da Administração Centralizada e Autárquica do
Município e dá outras providências. Com Mensagem Retificativa.
Parecer
Conjunto:
- da CJR,
CFO e CUTHAB. Relator-Geral, Ver. Cleom Guatimozim: pela aprovação.
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Não havendo quem queira discutir, passamos à
votação. Para encaminhar, a palavra com Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores. Face a uma colocação do Ver. Aranha Filho, eu desisti de usar os
dez minutos para a discussão do Projeto. Uma frase simples e disse tudo: “por
20% que o Prefeito pretende dar aos funcionários não vale a pena uma
discussão”. Agora, espero, sim, o encaminhamento ardoroso do Ver. Cleom
Guatimozim, que há pouco fez um discurso cobrando melhores condições de salário
para o funcionalismo estadual. Quero ouvir a Liderança do PDT, dando 20% e um
abono, como se fosse um presente, como se fosse um donativo a uma categoria de
funcionários que tudo faz para tocar a máquina administrativa.
Nisto me
socorre o Ver. Caio Lustosa, dizendo que não é projeto, é uma esmola que o
Poder Executivo pretende dar a seus funcionários.
Eu,
sinceramente, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, devo votar favorável ao
Projeto, e a nossa Bancada votará favorável ao Projeto, mas eu não tenho dúvida
de que o percentual de aumento oferecido pelo Projeto não satisfaz,
absolutamente, em nada, as mínimas condições de sobrevivência com dignidade que
o funcionalismo municipal de Porto Alegre teria direito, pelo que ele
representa em termos de trabalho a esta Cidade. Só 20%, 400 de abono para os
níveis mais baixos, e por aí morreu o
Projeto do Prefeito. Eu esperava uma resposta mais positiva. Quando o Prefeito
Collares assumiu a Prefeitura, o piso salarial, em relação ao salário-mínimo,
era de 1,55. Agora, com os 20% de aumento, repõe o índice não de 1,55%, mas
diminui, achata para 1,25. É uma realidade dolorosa, mas é a realidade do
Município de Porto Alegre. Só esperamos que, reaquecido o setor de vendas, de
comercialização em Porto Alegre, possa o Prefeito oferecer novo reajuste, não
muito distante desta data, para que seus funcionários possam, no mínimo, ficar
com o salário que eles tinham durante o Governo nomeado do Prefeito Dib. Acho
que o Prefeito eleito não pode achatar os salários. De 1,55 ficar 1,25 não vi
vitórias para o Prefeito, vi derrotas para os funcionários, que assistem com
tristeza a um quadro de empobrecimento no poder aquisitivo dos funcionários;
esta é a realidade. E os funcionários perderam 30 pontos em relação aos
percentuais, desde a época da posse do Prefeito Villela, no seu poder de
compra. Isto é inquestionável. O funcionário municipal, desde a posse do
Prefeito Alceu Collares, vem cortando o seu poder aquisitivo, vem empobrecendo
e realmente empobreceu. Sequer teve o seu salário equiparado ao que recebiam
quando o Prefeito Alceu Collares assumiu a Prefeitura. Infelizmente, esta é a
realidade, mas temos que votar favorável a fim de que eles não fiquem mais na
miséria do que já estão. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Para encaminhar, Ver. Hermes Dutra, pelo PDS.
O SR. HERMES DUTRA: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, eu me sinto muito à vontade nesta tribuna para, em nome dos
Vereadores Mano José e Rafael Santos e deste Vereador, dizer que vamos votar
favoravelmente. Mas não deixamos de votar favoravelmente com certo sentimento
de nostalgia e até mesmo de saudade. Saudade de quando víamos nesta tribuna o
PDT vociferar contra o mísero aumento que o ex-Prefeito João Antonio Dib dava e
que chegou até 1,55 do salário mínimo. Hoje, Ver. Paulo Sant'Ana, o seu
Partido, através da prática socialista, segundo diz, reduziu drasticamente para
1,25. Mas vamos fazer justiça ao Prefeito Alceu Collares, o Prefeito Alceu
Collares pelo menos não fez como o ocupante do Piratini. O Prefeito Alceu
Collares está cumprindo a lei. O PMDB, no Piratini, nem a lei cumpre. Então,
esta é a grande diferença, é o discurso na tribuna e o discurso na prática. Os
funcionários públicos municipais tiveram no Governo da administração socialista
um arrocho salarial, lhes foi tirado o que eles conquistaram durante o Governo
PDS; nós do PDS vamos votar favoravelmente, mas com protesto, com nostalgia e
com saudade, porque, quando estávamos no Poder, os funcionários conseguiram
1,55 de básico, e hoje estão em 1,25. Bem, eu, como não entendo muito de
política, vai ver que esta é a diferença da prática socialista da prática
conservadora, porque toda a vida disseram que o meu Partido era um Partido
conservador. Então, por conclusão, naquela base da premissa, se o meu Partido é
conservador e dava 1,55, logo o PDT socialista deve dar quanto? 1,25. A
premissa não está de acordo com a conclusão, pelo menos pelo que dizem nos
discursos. Mas não fique, Ver. Clóvis Brum, dando risadas, porque o Governo de
V. Exa. está pior do que o do PDT. Porque o Prefeito Alceu Collares - faço
justiça - pelo menos não está infringindo a lei e o seu Governo no Piratini
sequer cumpre a lei aprovada pelo próprio PMDB.
Por isso, Sra.
Presidente, nós do PDS votaremos favoravelmente, lembrando com saudade quando o
funcionário tinha 1,55. Quem sabe, Ver.Clóvis Brum, é esta a diferença então:
no tempo da ditadura, tinha 1,55, então o funcionário público está pagando de
1,55 para 1,25, isto é, está crescendo como cola de cavalo o salário dele, a
título de taxa democrática, mas, a continuar assim, os trabalhadores municipais
vão descer na democracia. Eu defendo, nobre Vereador, é o que o funcionário
ganhava quando o PDS estava no Poder, isto é que eu estou defendendo, 1,55. E
acho que esta taxa democrática, seguramente, os funcionários públicos
municipais não querem pagar. Muito Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Para encaminhar, pelo PDT,
Ver. Cleom Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, eu gostaria de usar os óculos cor-de-rosa do Ver. Hermes Dutra e do
Ver.Clóvis Brum. Esses óculos “petit pois” maravilhosos em que as
administrações em que S.Exas. participam ou participaram eram o paraíso e o céu
aberto, eram o oásis. Mas esses óculos só servem para essas ocasiões e quando
eles pretendem usar.
Vejam que o
Ver. Hermes Dutra se esquece que a conjuntura nacional é outra completamente
diferente. A condição econômica do País é outra. O Ver. Clóvis Brum se esquece
que o Governador não cumpre as leis da Assembléia Legislativa, não cumpre as
leis. Não, não cumpre, entra no Judiciário e os senhores sabem muito bem quando
o Executivo se coloca em estado de rebeldia contra o Legislativo quais são as
conseqüências. Aí está a História. Os funcionários da Prefeitura Municipal de
Porto Alegre recebem os seus salários em dia, o que não é nenhum favor, mas
coisa que outros não fazem.
Os
funcionários da Prefeitura Municipal de Porto Alegre receberam agora e
receberam antes. Se somarem todos estes aumentos recebidos, os senhores verão
exatamente qual é o percentual que aumentou. A situação econômica do Governo
não é boa.
E há pouco eu
dava ao Líder do PMDB, Ver. Clóvis Brum, que não tem nenhuma culpa disso, o
índice de popularidade do Presidente Sarney.
O SR. CLÓVIS BRUM: Está mal.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Mal, Ver. Clóvis Brum, mal
não está bem rotulado. Os Deputados querem que ele saia já. Agora. Desaparecer.
Voltar lá para o PDS, novamente, onde S. Exa. era o presidente, aliás, até com
grande destaque, porque ele comandava o cenário nacional.
Então, a Prefeitura de Porto Alegre paga em
dia. Cumpre as leis. Veja bem, nunca o Prefeito Alceu Collares desrespeitou uma
lei desta Casa e muito menos, Srs. Vereadores, nesta Legislatura. O Prefeito
cumpre as leis desta Casa.
Eu não posso
lhe conceder o aparte, Ver. Caio Lustosa. V. Exa. diz que tem uma que ele não
cumpriu. Mas se é verdade que ele não cumpriu uma lei desta Casa, vai ver então
que ela era tão ruim que iria prejudicar a coletividade, então o Prefeito não
cumpriu, aliás, o que é louvável. Eu tenho dito desta tribuna que o Prefeito
Alceu Collares, quando Deputado Federal, foi durante duas Legislaturas
escolhido pela imprensa nacional o melhor Deputado. Pela imprensa nacional. Não
foi meia dúzia que se reuniu, foi a imprensa nacional que escolheu. Ele está
fadado agora a ser escolhido o melhor Prefeito brasileiro, também pela
imprensa, face às decisões que tem tomado e as que vai tomar agora no futuro.
Então, nós
reconhecemos que é muito pouco, o aumento, reajuste oferecido.
Sra.
Presidente, eu solicitaria que fosse descontado o tempo que o Líder do PMDB
está usando.
A SRA. PRESIDENTE: Ver. Clóvis Brum, solicitamos sua
colaboração, pois o Ver. Cleom Guatimozim está encaminhando.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Até podemos oferecer ajuda
ao Governador Pedro Simon, que não consegue resolver a greve do Magistério.
Aqui, na Prefeitura, não está acontecendo como em inúmeros Municípios
brasileiros, onde os salários estão atrasados e os Prefeitos ou Governadores
não cumprem as leis. Sabem qual o juramento que faz o Governador ao assumir?
“Juro cumprir as leis vigentes no estado”. Mas, o Governador Pedro Simon não
cumpre e não respeita as leis. Nós cumprimos e respeitamos as leis. Se os
funcionários municipais não ganham o suficiente - sabemos que não ganham - é o
resultado da conjuntura nacional, da qual é responsável a Nova República. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, para encaminhar, o Ver. Antonio Hohlfeldt, pelo PT.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, devo fazer justiça ao Sr. Prefeito Alceu Collares por cumprir os
termos do acordo que esta Casa intermediou e que encaminhou ao final da greve
dos municipários, inclusive garantindo o envio de Mensagem Retificativa que
incluiu a colocação do abono no Projeto que ora vamos votar. Exceto isso, no
entanto, é difícil dizer qualquer outra palavra a favor deste Projeto.
Começa-se pela correção semântica obrigatória, que se faz necessária, na
mensagem original, a qual pretende conceder aumento ao funcionalismo público
quando, na verdade, é apenas uma reposição salarial defasada, no mínimo, em
cerca de quarenta por cento em relação aos gatilhos oficiais.Não vamos nem
trabalhar com percentuais da SGG, ou com dados reais do dia a dia, em que o
funcionário público se detém, enfrenta no supermercado, no armazém, o aumento
de ônibus, concedido, também, pelo Prefeito, e aí afora.
Em segundo
lugar, o Ver. Líder do PDT disse em alto e bom tom que o Prefeito cumpre com
todas as leis. Gostaria de pedir, inclusive, ajuda do Ver. Cleom Guatimozim,
para que possa tornar verdadeira essa afirmativa, e que o Prefeito Collares
cumpra a Lei de minha autoria que manda colocar visível, na frente dos ônibus e
nos terminais de todas as linhas, uma tabela com os horários de saída dos
ônibus que percorrem a cidade de Porto Alegre. Essa Lei, que, diga-se de
passagem, é de 1983, não foi cumprida nem pelo Prefeito Vilella, nem pelo
Prefeito Dib, nem pelo Prefeito Alceu Collares. Portanto, faz-se necessária a
retificação do discurso do Vereador Líder do PDT: o Prefeito Collares, no que
me toca, não cumpre uma Lei de minha autoria, aprovada por essa Casa.
Quero,
fundamentalmente, discutir a questão deste Projeto, recuperando uma questão que
me parece básica. Este Projeto tem hoje o voto, ao menos no que me toca,
favorável, a contragosto, porque resulta de um acordo feito com o Executivo na
intermediação da greve.
Este Projeto,
evidentemente, não satisfaz as necessidades do funcionalismo Municipal. O que
se deve lastimar aqui é que, na visão do PDT, as coisas se nivelam por baixo,
porque, eventualmente, o está menos pior, se julga que está ótimo.
Gostaria de
lembrar mais uma vez o que já discutimos aqui em outro dia. O dinheiro não tem
identidade. O mesmo dinheiro que o Prefeito Alceu Collares investe maciçamente
nos meios de comunicação, cujos reflexos, diga-se de passagem, puderam-se
verificar na manipulação, evidente, das informações sobre a greve dos
municipários, em boa parte dos meios de comunicação, com raríssimas e honrosas
exceções, este mesmo dinheiro poderia, na verdade, efetivamente, pagar o
funcionalismo público municipal. E daí, talvez, sim, conceder-lhe aumento.
É bom que se
diga que o funcionalismo público, através de seu Comando de Greve, na sua
Assembléia Geral, acabou por aceitar esta proposta também a contragosto. Os
Vereadores que lá estiveram, o Ver. Rafael Santos, eu, o Ver. Lauro Hagemann e
outros, vimos muitos funcionários votarem a favor do final da greve chorando de
raiva e de pena de si próprios, sobretudo porque se lembravam da campanha
eleitoral de 85, em que o então candidato Alceu Collares apertava a mão de todo
mundo, sorria para todo mundo e garantia que iria fazer uma ampla reposição
salarial.
Quero dizer,
Sra. Presidente e Srs. Vereadores, que isto que votamos hoje, que é o acertado,
não é, em hipótese alguma, o final da luta reivindicatória dos funcionários
públicos municipais. Se houve o maquiavelismo do Piratini, que resultou em
vantagem da Praça Montevidéu, uma vantagem momentânea do Executivo Municipal, a
troca do referencial, a modificação de referencial reivindicatório, não mais em
termos de piso salarial, mais sim em termos de valores objetivos dessa
malfadada moeda inventada no ano passado, que é o Cruzado, eu tenho certeza que
o movimento reivindicatório dos municipários será retomado de imediato para
pedir um salário condizente. Afinal de contas, podem se ter panfletos
maravilhosos, mas se o funcionário não estiver disposto a trabalhar o panfleto
não vai fazer a obra por si mesmo, nem se pagando um meio de comunicação
social. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. JUSSARA CONY: Para encaminhar, Sra.
Presidente.
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, a Verª Jussara Cony, para
encaminhar.
A SRA. JUSSARA CONY: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, temos hoje, mais uma vez, que simplesmente votar matéria
financeira, de origem do Executivo, exatamente por não termos prerrogativas de
legislar, no nosso entender, sobre matéria de tamanha importância, não apenas
em relação aos funcionários, mas à cidade de Porto Alegre, votar a favor de um
reajuste que em nada atende às reais necessidades do funcionalismo público
municipal. Nem é reajuste, é o puro e simples cumprimento da Lei, a aplicação
de 20% do gatilho salarial, mais um abono que não atende às justas
reivindicações dos funcionários. E temos de votar, de um lado porque não temos
a prerrogativa de legislar sobre matéria financeira, nos tirada no regime de
exceção e, de outro lado, assim como os funcionários, aceitar, em função da
miserabilidade em que vive o servidor público municipal. A realidade, Sra.
Presidente e Srs. Vereadores, é que nos últimos doze meses os funcionários
municipais tiveram um reajuste de 50,7%, no mesmo momento em que os Srs.
Secretários tiveram um reajuste de 209%. Desde o Plano Cruzado, a inflação foi
de 219%. Os Srs. Secretários tiveram atendido a sua sobrevivência com um
aumento de 347%; em contraposição, os funcionários, com uma inflação de 219%,
tiveram um reajuste de 116%. Nem sequer conseguiram a garantia de um piso
conquistado anteriormente de 1,55, ficaram com 1,25. Um retrocesso no já
anteriormente conquistado e conquistado, é bom que se diga, com a luta da AMPA,
dos servidores, e não por benesses de PDS. É importante também que se referende
neste momento em que somos obrigados a votar, por não termos prerrogativa de
legislar sobre matéria financeira e por termos que colaborar com os
funcionários, visto sua situação de miserabilidade. Tiveram vitória sim os
funcionários. Tiveram vitória no seu movimento de greve que fizeram, a AMPA, o
Comando de Greve. Foi uma conquista política dos funcionários, no processo de
sua mobilização, no processo de sua organização, em que muito colaborou esta
Câmara, como instituição, através de suas Lideranças e da Mesa, e temos
absoluta certeza que daremos um salto de qualidade, esse Poder Legislativo, na
nossa participação junto com a Associação representativa dos municipários. Queremos
trazer, neste momento, também pelo processo de participação que teve esta Casa
em todos os momentos, uma severa crítica ao Executivo Municipal, exatamente no
que tange à negativa à formação de uma comissão paritária, que foi desde o
primeiro momento de negociação. Uma comissão paritária que, em determinado
momento, o próprio Sr. Prefeito, as Lideranças desta Casa consideravam algo
positivo e que retrocedeu. Necessária para o encaminhamento de resoluções para
o nosso Município, não apenas no que tange aos problemas salariais, mas,
fundamentalmente, para resolução dos problemas da cidade de Porto Alegre, na
medida em que os funcionários públicos municipais são o esteio desta
Administração. E é bom resgatar no momento em que nega, o Executivo nega, a
formação de uma comissão paritária, oportunizando, inclusive, a participação
desta Câmara Municipal; resgatar a época da campanha eleitoral, onde o PDT, na
pessoa do Sr. Alceu Collares, hoje Prefeito eleito pelo povo de Porto Alegre,
dizia querer fazer uma administração com a participação efetiva de seus
funcionários bem remunerados, atendidas as suas reivindicações, e também com a
participação deste Legislativo. Exatamente as posturas na época de uma campanha
eleitoral e as posturas, depois, quando efetivamente se torna Governo.
Ao finalizar,
Sra. Presidenta e Srs. Vereadores, quero colocar mais uma vez que votaremos
para atender as necessidades, nesse momento, dos funcionários públicos
municipais. Temos muito claro e gostaríamos de deixar registrado, nesta Casa, a
importância de nossa participação no processo em curso da Assembléia Nacional
Constituinte. Exatamente para podermos retomar prerrogativas que nos foram
tiradas, de legislar sobre matéria financeira e orçamentária e que hoje,
concretamente, nesta votação, se expressa como um ramo menor a que foi
submetido o Legislativo brasileiro e, concretamente, na cidade de Porto Alegre,
com a conivência do Executivo Municipal. Muito obrigado.
(Não revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTE: Em votação o PLE nº 031/87. Peço aos
Vereadores Mano José e Lauro Hagemann que acompanhem os trabalhos de votação
secreta e, posteriormente, o escrutínio. “Sim” aprova o Projeto. “Não” rejeita
o Projeto.
(Votaram os
Vereadores Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Artur Zanella,
Bernadete Vidal, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Frederico
Barbosa, Ennio Terra, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jorge
Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Mano José, Paulo Sant'Ana, Paulo Satte,
Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Nilton Comin, Flávio Coulon,
Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla, Pedro Ruas, Auro Campani e Kenny Braga.)
(É procedido o escrutínio.)
A SRA. PRESIDENTE: Informa o Sr. Secretário que 29 Vereadores
votaram. Vinte e nove votos SIM. APROVADO o PLE nº 031/87.
Em votação a
Mensagem Retificativa. Peço aos Vereadores Mano José e Lauro Hagemann que
acompanhem os trabalhos de votação secreta e, posteriormente, o escrutínio.
“Sim” aprova o Projeto. “Não” rejeita o Projeto.
(Votaram os
Vereadores Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Artur Zanella,
Bernadete Vidal, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Frederico
Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jorge Goularte, Jussara
Cony, Lauro Hagemann, Mano José, Paulo Sant'Ana, Paulo Satte, Rafael Santos,
Raul Casa, Teresinha Irigaray, Nilton Comin, Flávio Coulon, Isaac Ainhorn,
Getúlio Brizolla, Pedro Ruas, Auro Campani e Kenny Braga.)
(É procedido o escrutínio.)
A SRA. PRESIDENTE: Informa o Sr. Secretário que 28 Vereadores
votaram. Vinte e seis votos SIM, 01
voto NÃO e 01 voto em BRANCO. APROVADA a Mensagem Retificativa ao PLE nº 031/87.
(Obs.: Foi
aprovado Requerimento de autoria do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando dispensa
de distribuição em avulsos e interstício para a Redação Final do PLE nº 031/87,
considerando-a aprovada nesta data.)
PROC. 1132 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 031/87, da Mesa, que reajusta os
vencimentos dos funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras
providências. Com Emenda.
A SRA. PRESIDENTE: Em votação o PLL nº 031/87. Peço aos
Vereadores Mano José e Lauro Hagemann que acompanhem os trabalhos de votação
secreta e, posteriormente, o escrutínio. “Sim” aprova o Projeto. “Não” rejeita
o Projeto.
(Votaram 28
Vereadores: Adão Eliseu, Antonio
Hohlfeldt, Aranha Filho, Bernadete Vidal, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim,
Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra,
Ignácio Neis, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Mano José, Paulo
Sant'Ana, Paulo Satte, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Nilton
Comin, Flávio Coulon, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla, Pedro Ruas, Auro Campani
e Kenny Braga.)
(É procedido o escrutínio.)
A SRA. PRESIDENTE: Informa o Sr. Secretário que 28 Vereadores
votaram. Vinte e sete votos SIM e 01
voto NÃO. APROVADO o PLL nº
031/87.
Em votação a
Emenda ao PLL nº 031/87. Peço aos Vereadores Mano José e Lauro Hagemann que
acompanhem os trabalhos de votação secreta e, posteriormente, o escrutínio.
“Sim” aprova o Projeto. “Não” rejeita o Projeto.
(Votaram os
Vereadores Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Bernadete Vidal, Cleom
Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli,
Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Mano
José, Paulo Sant'Ana, Paulo Satte, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha
Irigaray, Nilton Comin, Flávio Coulon, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla, Pedro
Ruas, Auro Campani e Kenny Braga.)
A SRA. PRESIDENTE: Informa o Sr. Secretário que 27 Vereadores
votaram. Vinte e sete votos SIM. APROVADA a Emenda ao PLL nº 031/87.
(Obs.: Foi
aprovado Requerimento de autoria do Ver. Clóvis Brum, solicitando dispensa de
distribuição em avulsos e interstício para a Redação Final do PLL nº 031/87,
considerando-a aprovada nesta data.)
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 0647 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 010/87, do Ver. Kenny Braga, que
denomina avenida Túlio de Rose uma via pública.
Pareceres:
- da CJR. Relator, Ver. Clóvis Brum: pela aprovação; e
- da CUTHAB. Relator, Ver. Pedro Ruas: pela aprovação.
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.)
Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL nº 010/87 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa,
Requerimento de autoria do Ver Kenny Braga, solicitando seja o PLL nº 010/87
dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final,
considerando-a aprovada nesta data.
Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 0708 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 013/87, do Ver. Hermes Dutra, que
denomina Rua Leonel Alvim Filho uma via pública.
Pareceres:
- da CJR. Relator, Ver. Clóvis Brum: pela aprovação; e
- da CUTHAB. Relator, Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação.
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.)
Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL nº 013/87 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa,
Requerimento de autoria do Ver. Raul Casa, solicitando seja o PLL nº 013/87
dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final,
considerando-a aprovada nesta data.
Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 0720 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 014/87, da Verª Gladis Mantelli,
que denomina Rua Clara Nunes uma via pública.
Pareceres:
- da CJR. Relator, Ver. Caio Lustosa: pela aprovação; e
- da CUTHAB; Relator, Ver. Paulo Sant'Ana: pela aprovação.
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.)
Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL nº 014/87 permaneçam sentados. (Pausa.). APROVADO.
Sobre a mesa,
Requerimento de autoria da Verª Gladis Mantelli, solicitando seja o PLL nº
014/87 dispensando de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação
Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.(Pausa.) APROVADO.
PROC. 2597 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 083/86, que declara de utilidade
pública a Sociedade Metodista de Amparo à Infância - SOMAI.
Pareceres:
- da CJR.
Relator, Ver. Cleom Guatimozim: pela tramitação;
- da CEC.
Relator, Ver. Adão Eliseu: pela aprovação; e
- da CUTHAB.
Relator, Ver. Paulo Sant'Ana: pela aprovação.
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.)
Os Srs. Vereadores que aprovam o PLE nº 083/86 permaneçam sentados.(Pausa.)
Sobre a mesa,
Requerimento de autoria do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando seja o PLE nº
083/86 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação
Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 0097 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 001/87, do Ver. Isaac Ainhorn, que
denomina Praça Davi Malinski um logradouro público.
Pareceres:
- da CJR.
Relator, Ver. Kenny Braga, pela aprovação; e
- da CUTHAB.
Relator, Ver. Antonio Hohlfeldt, pela aprovação.
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.)
Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL nº 001/87 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa,
Requerimento de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, solicitando seja o PLL nº 001/87
dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final,
considerando-a aprovada nesta data.
Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 0677 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 011/87, do Ver. Raul Casa, que denomina Rua Martim Aranha um logradouro
público.
Pareceres:
- da CJR. Relator,Ver. Clóvis Brum: pela aprovação; e
- da CUTHAB. Relator, Ver. Frederico Barbosa: pela aprovação.
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Para
discutir, com a palavra o Ver. Raul Casa.
O SR. RAUL CASA: Sra. Presidenta e Srs. Vereadores, em nossas
mãos o Processo que denomina Martim Aranha um logradouro público. Dispensado
será dizer quem foi Martim Aranha. Os Vereadores com mais tempo nesta Casa se
recordam o quanto o nosso querido Martim Aranha nos orientava, nos conduzia e
nos aconselhava.
A homenagem
que hoje pretendemos perpetuar para a história de Porto Alegre, acho que até é
pequena por tudo que Martim Aranha fez por nossa Cidade. Ex-Presidente do
Grêmio, um homem que iniciou suas atividades em 1930 com uma história
pontilhada de serviços prestados à coletividade e que, para nossa sorte, tem um
filho continuador do seu trabalho. Martim Aranha, para mim, tem um significado
muito especial, já que ele sucedeu a meu pai na presidência do Grêmio. Dali em
diante, formamos uma amizade muito intensa. É realmente muito emocionante, para
mim, ter o privilégio de dar a um logradouro público o nome de Martim Aranha,
por tudo que ele significou para esta Cidade, por tudo que ele significou até
para o Rio Grande do Sul.Não me vou alongar, outros Vereadores, certamente,
gostarão de deixar consignado nesta Casa o que pensam de Martim Aranha. Por
isso, eu me rejubilo, me conforto em saber que, nesta tarde, estamos dando à
nossa Cidade um logradouro com o nome de Martim Aranha, que, sem dúvida
nenhuma, vai registrar para a posterioridade tudo quanto esta família fez para
Porto Alegre, para o Rio Grande e para o Brasil.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Aproveito o discurso de V. Exa., que é o autor da
proposta, para, a nível pessoal - uma vez que o Ver. Mano José o fará
posteriormente em nome da Bancada - me solidarizar com esta homenagem. Eu não
convivi com o Martim Aranha, mas o conheci e, várias vezes, em eventos
políticos, desde a nossa antiga ARENA, logo no início, quando o nosso PDS foi
criado, tive a oportunidade de conversar com o Dr. Martim Aranha e me chamava
muito atenção uma coisa, que era o acatamento que as pessoas dedicavam ao que
ele falava. Era impressionante. Eu acho que a família só tem a se orgulhar de
ter um homem cuja memória nos traz fatos tão bons e que tão bem o recomenda às
pessoas, sem se contar que ele deixou, também, gravado no mundo dos bons
“goumerts” desta Cidade, numa passagem pelo Barranco, uma picanha que traz o
deu nome.
O SR. RAUL CASA: Agradeço e incorporo com muito prazer a
manifestação de V. Exa., dizendo que esta Casa cumpre, com esta votação,
realmente, um ritual de homenagem que orgulha a todos nós. Eu realmente irei
colocar no meu currículo que tive o privilégio de dar o nome de Martim Aranha a
uma rua de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDNTE: São 18h. A Sessão está prorrogada por mais
duas horas.
Próximo
inscrito, Ver. Frederico Barbosa.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente Srs. Vereadores, mesmo com o adiantado da
hora, sinto-me na obrigação, neste momento, em que nós certamente preferíamos
que aqui estivesse o velho Martim sentado no Plenário - como fazia mesmo depois
de ter deixado a Câmara e em seu lugar ter conseguido ver o seu filho,
companheiro Ver. Aranha Filho - do que votarmos este Projeto. Mas diante da
realidade dos fatos e da vida, certamente me vejo obrigado a vir discutir,
inclusive para relembrar que quando elaborei o simples e modesto Parecer pela
Comissão de Urbanização e Transporte desta Casa, fui chamado à atenção por
minha assessoria do termo que estava usando, “um encanto de figura”,
perguntavam-me se era esta exatamente a expressão que gostaria de deixar no
Parecer, e confirmei, porque realmente tive o privilégio de conviver, como
suplente em exercício por longo tempo nesta Casa, com aquele a quem chamava de
“velho Martim”. E com o “velho Martim”, sentado lado a lado, na mesma Bancada,
conseguia, assim como consegui aprender alguma coisa com muitos dos Vereadores
que aqui estão, mas o velho Martim Aranha marcou profundamente meus primeiros
passos nesta Casa. Em primeiro lugar, pelo respeito que tinha, quando cheguei,
para a figura daquele que certamente foi um dos grandes nomes da cidade de
Porto Alegre, tanto nesta Casa, como no Executivo Municipal, como na sociedade
porto-alegrense, na sociedade gaúcha, na sociedade brasileira e, acima de tudo,
porque não posso deixar de relembrar aqui, diante do companheiro Aranha Filho,
que fui honrosamente escolhido para numa homenagem que esta Casa prestou a
Martim Aranha, para subir à tribuna no meio do seu discurso, quando ele não
teve forças suficientes para concluir o seu discurso, e chamou-me vinte quatro
horas antes entregando-me dez laudas, pedindo-me que do ponto tal em diante que
eu me preparasse para não ser surpreendido porque seria chamado diante de um
Plenário repleto de Sessão Solene e ele
tinha certeza que a emoção não permitiria que ele concluísse o seu
pronunciamento e assim fiz, diante, inclusive, da surpresa do Plenário. Subi à
tribuna e conclui o discurso lendo em nome do “velho Martim”. Portanto, por
gestos como este, por ser suplente modesto, escolhido naquele momento para
substituí-lo no seu próprio discurso e na sua presença, que problemas de saúde
impediam-no de concluir, senti-me exatamente honrado e lembro-me desta figura,
meu caro Aranha Filho, com muito carinho e com muita dedicação.
A Sra. Bernadete Vidal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, gostaria de fazer uma contribuição ao seu
discurso. Não poderia ficar sem registrar o grande respeito pelo político, pelo
homem público que nós conhecemos no seu último mandato como Vereador de Porto
Alegre e como também pela simplicidade e pelo carinho do “velho Martim Aranha”
como pessoa humana. Companheiro que nos dava lições diárias de política, de
equilíbrio e de trabalho, e lembro com saudade dos barquinhos que o Ver.Martim
Aranha me dava dizendo que era para eu ir até o Sarandi, num gesto que só as
grandes pessoas humanas, como foi Martim Aranha, têm, com momentos de rara
simplicidade, essa pessoa que nós estamos honrando e saudando hoje, nesta Casa.
O SR. FREDERICO BARBOSA: O aparte de V. Exa., Verª
Bernadete Vidal, ajuda o meu pronunciamento, e a feliz iniciativa do Ver. Raul
Casa que, na verdade, nós gostaríamos que não fosse realizada, porque o desejo
era trocarmos a homenagem pela presença física e constante daquele que foi um
grande homem e que significou muito para a cidade de Porto Alegre. V. Exa.
complementa o meu pronunciamento, porque a minha idéia a vir à tribuna
exatamente para ressaltar aquilo que não precisa ser ressaltado, mas que o
velho Martim merece, neste final de tarde, que se diga mais uma vez, lembrar os
seus gestos, a figura encantadora do velho caudilho, como me lembra o meu Líder
Ver. Raul Casa, a figura simples, que caminhava pela Casa com aquela
tranqüilidade de sempre, e que tinha alguns gestos, alguns lances que
significavam muito pela sua maneira de agir. Portanto, é com extrema emoção que
votamos favorável, na certeza de que o Loteamento Parque Residencial Dona
Matilde terá a Rua 10 transformada num grande nome, sem demérito nenhum a
qualquer outro nome que pudesse vir a ocupar o espaço da Rua 10 do Loteamento
Parque Residencial Dona Matilde, mas na verdade é um parque residencial
privilegiado, porque passa a ter o nome do nosso querido ex-Vereador,
ex-Prefeito, o velho Martim Aranha, a quem temos a grande honra de dizer que,
se pudermos seguir um pouco dos seus passos, certamente muito nos ajudará, como
ajudará a qualquer um, numa carreira política que foi, sem dúvida nenhuma, uma
das mais brilhantes desta cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra do Ver.Mano José.
O SR. MANO JOSÉ: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, meu caro
Aranha Filho, confesso que não gostaria de vir à tribuna, porque vir aqui é
recordar um velho amigo. Eu conheci Martim Aranha cinco anos depois que estava
em Porto Alegre e ele assumia a Prefeitura de Porto Alegre, lá pelo ano de
1955, por aí. Conheci-o como Prefeito interino de Porto Alegre, e a mim chamou
a atenção na figura de Martim Aranha, num churrasco que ele compareceu na
qualidade de Prefeito, no então Departamento Autônomo de Transporte Coletivo, a
simplicidade do homem. O homem que chegou foi abraçando todo mundo, brincando
com um e com outro, e ali então eu formei, para mim, a imagem daquele que seria
mais tarde meu companheiro de Bancada, grande companheiro de Bancada, grande
Líder do meu Partido, e aquela beleza de pessoa com quem nós tínhamos o maior
prazer em estar na companhia dele e ouvir os seus conselhos, pela sua grande
vivência, pelos grandes cargos que havia assumido, quer na área esportiva, quer
na área social, enfim era homem que se colocava para nós como o mais
experiente, como aquele que sempre tem uma palavra amiga a dizer a quem não tem
aquela experiência, e apontar um caminho pelo qual poderia se seguir com a
confiança de se estar seguindo o caminho certo. A homenagem que faz a Casa ao
ex-Vereador desta Casa, ao ex-Presidente desta Casa, ao ex-Prefeito interno de
Porto Alegre, é uma homenagem justa, é realmente uma homenagem mais do que
justa, merecida pelo homem Martim Aranha, pelas qualidades daquela criatura que
soube conviver num ambiente como a Câmara Municipal de Porto Alegre e deixar -
tenho a certeza - em cada um dos Srs. Vereadoras que com ele conviveram, um
amigo e um admirador. Por isso, meu caro Aranha, cumprimento o filho neste
momento que tem a aventura de assistir, embora uma homenagem póstuma, mas a
homenagem ao seu querido pai. E quero cumprimentar a sua pessoa, meu querido
fraterno Aranha Filho, a senhora sua mãe, seus irmãos, enfim, todos os seus
familiares e dizer que este Vereador emocionado hoje vota a homenagem com todo
o prazer. E digo com prazer, porque não adianta lamentarmos agora que tenha já
ocorrido o falecimento do querido Martim Aranha. É o caminho de todos nós, todos
nós haveremos de chegar àquela meta que é o fim em que termina tudo, mas feliz
daquele que pode determinar a sua passagem por esta terra e deixar a lembrança
na lembrança dos outros, e a memória tão qualificada como deixa o seu querido
pai.
Por isso, as
minhas homenagens e o meu voto emocionado quando se denomina uma rua de nossa
Capital de Martim Aranha, o grande Vereador, o grande Prefeito interino desta
Cidade e o grande líder por onde andou, quer no esporte, quer no Rotary, onde
privava com um cunhado meu, em grandes jornadas, amicíssimos eram e meu cunhado
faleceu primeiro que ele, mas são as coisas da vida, meu querido Aranha. Recebe
de minha parte - e até nem estou mais discursando na Câmara, mas estou falando
a um amigo - a minha solidariedade e o faço em nome do meu querido amigo e meu
Líder Hermes Dutra e do meu querido companheiro de Bancada Rafael Santos. Um
grande Abraço. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Paulo Sant'Ana.
O SR. PAULO SANT'ANA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. De repente a fria tarde outono derruba sobre o Plenário desta Casa,
por onde passaram tantos homens majestáticos, uma profunda saudade, uma entre
amarga e deliciosa nostalgia, a lembrança daquele ser criador de amizades, o Ver.
Martim Aranha. Que estranha magia, que poder magnífico, que divina atração
exercem certos homens sobre nós em sua passagem pela vida que nós os pranteamos
mais do que a certos membros de nossas famílias que se foram.Inesquecível
simplicidade do amigo Martim Aranha. O trato de Martim Aranha, a sua capacidade
extraordinária de fazer amigos e de jamais ter desfeiteado qualquer pessoa,
nesta hora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em que se reverencia - pela idéia
do Ver. Raul Casa e pela unanimidade de toda a Casa, grata também à memória de
Martim Aranha – levam-na a deixar bem clara a intenção do PDT em prestar esta
homenagem, dedicando-lhe uma profunda reflexão. O homem só cumpre sua missão
nesta terra quando os outros sempre sentem a sua falta. É muito grande a sua
falta, sem dúvida, principalmente nesta tarde em que nos debatemos pelos
problemas por que passa a nossa Cidade e o nosso Brasil. O Ver. Raul Casa disse
que vai pôr em seu currículo a autoria deste Projeto. Nós todos que convivemos
com Martim Aranha nesta Casa, os Vereadores mais antigos e até mesmo os que
hoje exercendo o mandato tiveram a felicidade de conhecê-lo, declaremos que ele
faz uma profunda, uma imensa, uma grande falta.
Certa vez era
ele Vereador da ARENA e eu o primeiro suplente da ARENA e ele estava
hospitalizado num leito do Hospital Moinhos de Vento. Saí da Sessão e passei
pelo Mercado Público, comprei um mamão imenso e fui até o quarto do Hospital
Moinhos de Vento onde ele estava internado; quando entrei, ele, do leito,
disse: “Sou Vereador titular e não recebo visitas do primeiro suplente, e
ademais este mamão deve estar envenenado”. Ele estava na cama, abatido, e tinha
ainda esta possibilidade de humor à sua disposição. Em seguida nos abraçamos e
fez-se entre nós uma amizade imorredoura.
A saudade dele
também o é, imorredoura. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Não havendo mais inscritos para a discussão,
entramos em regime de votação.
Para
encaminhar, Ver. Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sra.Presidente e Srs.
Vereadores, não poderia eu ficar omisso, não dizer o que vai na alma de todos
nós nesta data em que se presta uma homenagem tão justa, por iniciativa do Ver.
Raul Casa, ao companheiro Martim Aranha, companheiro que me deixou muitos ensinamentos,
pois cheguei na Casa muito afoito, com algumas inexperiências notáveis e alguns
posicionamentos também equivocados. Reconheço que hoje não tomaria algumas
atitudes que tomei, mas de que não me arrependo, mas Martim Aranha tinha o dom
de unir pessoas, era um conciliador. Meu companheiro Martim Aranha Filho, seu
pai era, na Bancada, a pessoa que tranqüilizava e procurava fazer com que nós
pensássemos de uma única maneira. Dele só tenho lembranças positivas de
atitudes pensadas, sensatas, um cidadão muito vivido e que muito deu para Porto
Alegre.Eu repito: não poderia deixar de encaminhar essa votação favorável, é
claro, a esta homenagem tão justa que Porto Alegre presta a esta figura, uma
das grandes figuras humanas e públicas que Porto Alegre teve. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Para encaminhar, com a palavra o Ver. Clóvis
Brum
O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, o Ver Raul Casa foi muito feliz ao apresentar à consideração da
Câmara de Porto Alegre o Projeto que denomina Rua Martim Aranha uma das nossas
vias públicas da Capital. Sem dúvida alguma, a Casa resgata nesta tarde a
memória de um Vereador de Porto Alegre e que pertence, também sem dúvida
alguma, a uma família com uma história no Rio Grande e nesta Cidade: a família
Aranha.Por isso o PMDB vota favorável ao Projeto do Ver. Raul Casa, na certeza
de que a Câmara de Porto Alegre homenageia nesta tarde um dos mais ilustres
Vereadores. Particularmente, convivi com o Ver. Martim Aranha já no final do
seu último mandato, mas posso dizer que aprendi muito do seu jeito, sempre
afável, sempre tranqüilo, experiente. Era uma espécie de conselheiro da Casa,
era uma espécie de amigo de todos. Ele estava sempre acima dos partidos
políticos com representação da Câmara. Era o amigo de todas as ocasiões. Era,
por assim dizer, o sempre jovem Vereador. E a Câmara de Porto Alegre, ao
homenagear o Ver. Martim Aranha, está, sem dúvida alguma, imortalizando a
memória daquele Vereador de muitos anos de mandato e que deixa, para nossa
alegria, um seu substituto: Ver. Aranha Filho. A homenagem deste Vereador, a
homenagem do PMDB à família Aranha e ao nosso querido Ver. Aranha Filho. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE: Encaminha,
pelo PFL, o Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Srs. Presidente,
Srs. Vereadores, cinco minutos que não pretendo usar, porque o filho do
homenageado pertence à nossa Bancada e o Projeto é do Líder da nossa Bancada.
Mas eu queria dizer que sempre votei no Martim Aranha para Vereador, sem
conhecê-lo, porque ele tinha sido o único itaquiense, nascido na terra em que
me criei, que tinha sido Prefeito de Porto Alegre. E sempre votei nele. Não
votei para Deputado, mas para Vereador sempre votei e sem ter nunca falado com
ele. E, quando o conheci, evidentemente, também fui cativado por aquela
personalidade. Mas, como o Ver. Paulo Sant'Ana contou para os Anais uma das
histórias do Ver.Martim Aranha, e que eu sempre conto para os outros, a de que
ele tinha atirado o melão pela janela... Hoje ainda me lembro, não sei se algum
dos que aqui estão, Rafael, Mano, o Jorge, que privavam mais da Administração
de Guilherme Socias Villela... no dia da votação do Projeto que isentava
milhares de pessoas do ISSQN, era o projeto que se chamava na Prefeitura o
“projeto das costureiras”. E, por uma falha, não sei de quem, não sei nem se
foi dele a falha, a votação terminou sendo inglória para o Prefeito e para
aquela época a ARENA.Por falta de votos terminou o Projeto não sendo aprovado e
havia necessidade de fazer uma segunda votação que não tinha sido pedida. Fomos
procurar o Martim Aranha no City Hotel, que era o local que ele sempre almoçava e lá não foi
encontrado. E como ele não foi encontrado, começou-se a pensar qual seria a
estratégia para chegar ao Líder do MDB, na época, e pedir a ele que assistisse
também ao pedido de verificação de votação e se colocava uma série de questões.
O Ver. Mesquita era o Líder do MDB que estava, inclusive, um pouco agastado com
a Prefeitura, com o Prefeito, e se pronunciava de difícil acesso e nós
estávamos lá num estado-maior político para ver como nós chegaríamos no
Mesquita, quando, às 3h da tarde, adentra na sala o Martim Aranha. O Prefeito,
então, perguntou: “Como Martim, perdemos?” O Martim Aranha respondeu: “É,
efetivamente, perdemos”. E o Prefeito disse: “É, temos que chegar duma forma
toda especial nos Líderes do MDB para ver se conseguimos a renovação de
votação”. O Martim Aranha disse: “Pois é, eu também fiquei preocupado com isso
e, na saída, eu peguei a assinatura do Mesquita em branco, ele não sabe para
quê”. E apresentou um papel assinado em branco pelo Ver. Mesquita. Dentro desta
tese, eu queria dizer que um Vereador que recebia um papel em branco do Líder
da Bancada adversária, evidentemente tinha uma coisa diferente dos outros. Ele
tinha muitas coisas diferentes e até nos seus eventuais defeitos, se é que
existiam, do seu amor às carreiras, e coisa que o valha. Isso para nós, da
fronteira, nunca foi defeito; isto é um grande orgulho para todo aquele que vem
para uma Cidade grande e não esquece daquilo que aprendeu na sua terra. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Encaminha pelo PDT o Ver. Pedro Ruas.
O SR. PEDRO RUAS: Sra.Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Paulo
Sant'Ana, do PDT, já referiu, em nome da Bancada, as razões pelas quais o PDT
entende ser justa e merecida a homenagem que se faz ao falecido Ver. Martim
Aranha. Nesse sentido, a Bancada endossa, inteiramente, o que foi referido não
só pelo Ver. Paulo Sant'Ana, como pelos oradores que ocuparam a tribuna, e
encaminha favoravelmente a votação do Projeto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE: Encerrados
os encaminhamentos, em votação. Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL nº 011/87
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos aos
Requerimentos.
(Obs.: foram
aprovados os Requerimentos constantes na Ata.)
A SRA. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, declaro
encerrados os trabalhos da presente Sessão e convoco os Srs.Vereadores para a
Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental.
(Encerra-se a Sessão às
18h40min.)
* * * * *